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FNAM: 50 mil utentes colocados em risco por administração à «margem da lei»

A Unidade Local de Saúde do Alto Ave, num clima de «intimidação e ausência de diálogo», ameaçou extinguir quatro USF, com 50 mil utentes, se estas não aceitassem realizar consultas «fora do horário normal».

Unidade Local de Saúde do Alto Ave (ULSAA)
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Numa reunião de contratualização realizada no dia 25 de Junho, as equipas de quatro Unidades de Saúde Familiar (USF) da Unidade Local de Saúde do Alto Ave (ULSAA) alertaram a administração para o facto de que o serviço por eles exigido – «consultas a agudos e doentes irregulares fora do horário normal», segundo comunicado da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) – «não tinha sido contratualizado como a Lei exige».

Ainda que as USF tenham «manifestado disponibilidade para encontrar uma solução legal e equilibrada» para ir ao encontro das pretensões da ULSAA, as Unidades de Saúde Familiar «foram ameaçadas de extinção por recusarem aceitar condições impostas à margem da Lei». No seu conjunto, cerca de 50 mil utentes são acompanhados nestas instituições, nos concelhos de Guimarães, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Fafe, Mondim de Basto e Vizela.

«Tudo isto aconteceu sem diálogo e com pressões inaceitáveis sobre equipas que asseguram diariamente o funcionamento dos Cuidados de Saúde Primários», considera o Sindicato dos Médicos do Norte (SMN), que integra a FNAM. O sindicato já denunciou o caso à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) e ao Ministério da Saúde, exigindo ainda explicações urgentes ao Conselho de Administração da ULSAA.

«O que está em causa é o respeito pela Lei e autonomia das USF, pela dignidade dos profissionais e pela protecção dos utentes», avisa o sindicato. «Não se pode forçar equipas a aceitar obrigações que não foram contratualizadas», muito menos através da «intimidação» e da ameaça. «Os médicos estão do lado dos utentes e do SNS» e não vão permitir que estes comportamentos se repitam.

Em Agosto de 2024, a mesma administração da ULSAA cortou as licenças de amamentação às enfermeiras com filhos com mais de 3 anos, alegando que se extinguia o seu direito a amamentar e que deviam retomar os horários de 35h. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses foi obrigado a relembrar a instituição de que «não cabe ao hospital decidir até quando é que dura a amamentação, é uma decisão da mãe».

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