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Múltiplos protestos contras as políticas de austeridade na Argentina

Trabalhadores dos transportes, médicos e pensionistas manifestaram-se em vários pontos de Buenos Aires, em defesa dos serviços públicos e para exigir melhores salários e pensões.

Os pensionistas voltaram a manifestar-se em Buenos Aires Créditos / Tiempo Argentino

Em defesa dos transportes públicos, melhores salários e condições, trabalhadores filiados em mais de 70 sindicatos uniram-se, esta quarta-feira, numa frente comum e dirigiram-se ao Ministério da Desregulação e Transformação Estatal, cujo titular, Federico Sturzenegger, é visto como peça-chave na política de austeridade do executivo de Javier Milei.

A frente de luta foi convocada pelas federações dos trabalhadores dos transportes, com a União Geral das Associações de Trabalhadores do Transporte (UGATT) a afirmar que as medidas adoptadas pelo ministério de Sturzenegger «prejudicam o trabalhador do transporte, a logística nacional e, por conseguinte, os interesses do país».

Por seu lado, a Confederação Argentina dos Trabalhadores do Transporte (CATT) sublinhou que se tratava de uma «Frente de Luta pela Soberania, o Trabalho Digno e os Salários Justos», e, nesse sentido, envolve todos os sectores da sociedade na tentativa de pôr um travão «a este abuso».

À frente uniram-se as centrais sindicais CTA e CTA Autónoma, bem como a Associação Trabalhadores do Estado (ATE), cujo secretário-geral, Rodolfo Aguiar, havia denunciado na véspera as medidas tomadas pelo ministério – «retirar direitos laborais, desregular os transportes e impor decretos ilegais» – e havia chamado ao titular da pasta «monge negro deste governo», por ser «no seu gabinete que se planeia a destruição do Estado e a privação de todos os nossos direitos».

Já Hugo Godoy, secretário-geral da CTA – Autónoma sublinhou a importância da participação nesta iniciativa, considerando «imprescindível» a resistência e a unidade «para vencer esta política de fome e saque», indica o Tiempo Argentino.

Protesto e denúncias no hospital pediátrico Dr. Garrahan

Os profissionais de saúde do Hospital Garrahan, também acompanhados por pais, realizaram outra paralisação para exigir «salários dignos que os ajudem a chegar ao fim do mês» e melhorias nas suas condições de trabalho.

Segundo refere o Tiempo Argentino, os trabalhadores denunciaram a visita de inspectores dependentes do Ministério do Capital Humano, que se apresentaram em vários serviços para exigir listas de funcionários.

Os sindicatos afirmaram que se trata de «uma provocação» e que, com isto, o governo «procura meter medo». Alejandro Lipcovich, da ATE, disse que no contexto do «conflito colectivo», que é «de conhecimento público», os inspectores «iam pedindo dados das pessoas».

«Se tivessem algum interesse em resolvê-lo, podiam obrigar a parte empregadora (o Ministério da Saúde) a fazer uma proposta», afirmou, sublinhando que a presença destes inspectores «não contribui para a resolução do conflito, mas para o agravar e aprofundar».

Mega-operação policial para os pensionistas nas ruas

Sendo um dos sectores mais afectados pelas medidas de austeridade do governo de Milei, os pensionistas voltaram a mobilizar-se, esta quarta-feira, para reclamar a restituição do que perderam e dos medicamentos gratuitos, entre outras medidas.

Tal como noutras ocasiões, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, montou uma operação policial gigantesca, com a participação de todos os corpos policiais, e recorrendo a camadas sucessivas de vedações para blindar o Congresso.

A operação policial provocou o caos no trânsito no centro de Buenos Aires, refere uma das fontes, frisando que os pensionistas, mesmo acompanhados por membro de partidos de esquerda e outras organizações, eram menos que noutras quartas-feiras.

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