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Acentua-se a repressão política e policial em Israel

No mesmo dia em que atacou a televisão estatal iraniana, o regime de Israel ameaçou prender qualquer jornalista que rompa a censura e divulgue imagens dos bombardeamentos do Irão. Vários manifestantes foram detidos.

A advogada Noa Levy, a vice-presidente da Frente Democrática pela Paz e Igualdade (o Hadash, coligação onde participa o Partido Comunista de Israel, e vários movimentos e organizações árabes, com 4 deputados no parlamento de Israel) foi detida na manifestação realizada a 15 de Junho de 2025, em Tel Aviv, contra a agressão israelita ao Irão. 
A advogada Noa Levy, a vice-presidente da Frente Democrática pela Paz e Igualdade (o Hadash, coligação onde participa o Partido Comunista de Israel, e vários movimentos e organizações árabes, com 4 deputados no parlamento de Israel) foi detida na manifestação realizada a 15 de Junho de 2025, em Tel Aviv, contra a agressão israelita ao Irão. Créditos

A primeira manifestação pública em Israel contra o ataque ao Irão teve lugar anteontem, na praça Habima, no centro de Tel Aviv. Proibidos pelo Estado de se concentrarem em grupos, cerca de 50 pessoas exibiram, a alguma distância umas das outras, cumprindo as orientações da polícia, cartazes contra o ataque não provocado ao Irão e exigindo o fim do massacre na Faixa de Gaza. A meio da acção, a polícia deu ordem para dispersar e prendeu, sem acusação, cinco dos manifestantes.

Entre os detidos estava a advogada Noa Levy, a vice-presidente da Frente Democrática pela Paz e Igualdade (o Hadash, coligação onde participa o Partido Comunista de Israel, PCI, e vários movimentos e organizações árabes, com 4 deputados no parlamento de Israel), e Itamar Greenberg, um dos jovens activistas do movimento de objectores de consciência (Banki) que foi recentemente libertado após quase 200 dias de prisão.

O Hadash «condena veementemente a repressão política ilegal de manifestações pacíficas e ordeiras e a prisão de activistas - simplesmente porque eles não apoiam a política de assassinato de Netanyahu e Ben Gvir». A organização apela ao «fim dos ataques no Irão» e o início imediato de «uma solução diplomática», para além do cessar «da guerra de extermínio em Gaza e da limpeza étnica na Cisjordânia, como o primeiro passo no caminho para uma solução política para o fim da ocupação, o estabelecimento de um estado palestino independente ao lado de Israel e a paz total com o povo da região».

No dia seguinte, num novo protesto, desta feita na cidade de Haifa, uma agente da polícia israelita intimidou manifestantes que usavam t-shirts com a frase Stop the War (parem a guerra), considerando esta mensagem «ilegal». O Hadash apresentou, no dia 16 de Junho, uma moção de censura ao Governo de Israel, rejeitada por todos os grupos políticos à excepção da coligação de esquerda, que inclui o PCI. Ofir Katz, deputado do partido Likud, de Benjamin Netanyahu, acusou os membros do Hadash de serem «inimigos do Estado de Israel».

Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel, anuncia que a polícia vai perseguir todos os cidadãos e jornalistas, nacionais ou estrangeiros, que filmem os impactos dos mísseis iranianos

Em visita ao local do impacto de mísseis iranianos na cidade de Petah Tikva, Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel e líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit, defendeu que a divulgação de imagens e vídeos que mostrem «exactamente onde os mísseis caem no Estado de Israel são um perigo para a segurança e espero que qualquer pessoa que faça isso seja tratada como alguém que prejudica a segurança do Estado».

Horas antes, o Ministério da Segurança Nacional, com apoio policial, tinha realizado uma rusga em Haifa para identificar o local e os responsáveis pela divulgação de vários vídeos, em directo, de ataques contra a infraestrutura eléctrica e oleodutos na cidade. As imagens desmentem as afirmações do Estado israelita de que o Irão está focado em atacar exclusivamente alvos civis.

«Os fotógrafos e repórteres no local foram revistados e descobriu-se que não eram repórteres da Al Jazeera ou da Al Mayadeen [órgãos de comunicação social censurados em Israel], mas sim de outros canais de televisão estrangeiros, para os quais não existe uma proibição geral de filmar – desde que não violassem os regulamentos de censura», especificou o Ministério. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra vários militares israelitas a confiscar câmaras de jornalistas, embora não tenha sido possível identificar quem eram.

O ministro de extrema-direita esclareceu ainda que qualquer demonstração de apoio aos ataques iranianos estão a ser alvo de repressão imediata por parte da polícia, que já prendeu «bastantes pessoas». 

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