Numa conferência de imprensa realizada na passada sexta-feira, Mário Nogueira, o ainda secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), mostrou-se «preocupado» com a «quase ausência da Educação no debate político que está a anteceder as eleições do dia 18 de Maio». Um exemplo desse desinteresse em falar sobre o tema é, também, a recusa de vários partidos, nomeadamente os que exerceram funções governativas (PS, PSD e CDS-PP) em participar num debate promovido pela Fenprof.
«Atempadamente», os partidos foram informados sobre a realização de um debate online sobre a Educação, a realizar a 29 de Abril. Só o PCP e o BE confirmaram a presença, através do deputado António Filipe e da deputada Joana Mortágua. O Livre, mais tarde, manifestou também disponibilidade para participar.
Nem PS, nem PSD, responderam ao convite que a Fenprof lhes fez. «Sabemos», reitera Mário Nogueira, «que estes partidos estão sempre mais disponíveis para se relacionar com quem os legitima politicamente, assinando acordos que deixam para trás milhares de professores» que era suposto esses mesmos sindicatos representarem. Pela parte que toca à Fenprof, esta federação sindical rejeita confundir «o lado que é o seu: o lado dos professores».
Sem a participação dos partidos que assumem funções governativas desde 2006, quando começou o processo que hoje resulta na enorme falta de professores nas escolas, a Fenprof entendeu não estarem reunidas as condições para se manter o debate. Afinal de contas, foram essas forças que, desde esse período, com as suas medidas, «provocaram muito desemprego, provocaram precariedade, congelaram as carreiras dos professores, alteraram as condições de trabalho, em particular os horários de trabalho, que foram completamente desarranjados».
Mário Nogueira dá especial enfoque à questão dos horários dos professores que, nas últimas décadas, ficaram «impregnados de abusos e ilegalidades», forçandos estes trabalhadores a ultrapassar as 35 horas estipuladas na Lei e até as 40 horas que já não se praticam no sector público. A realidade é que muitos profissionais cumprem mais de 50 horas semanais, denuncia.
Em comunicado divulgado nas vésperas do 25 de Abril, a Fenprof anunciou o cancelamento da iniciativa, não deixando de destacar que, evidentemente, «das disponibilidades manifestadas e da falta de resposta que reflete indisponibilidade, também se retiram ilações».
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