Num 1.º de Maio marcado por crescentes desigualdades sociais e políticas de austeridade, milhões de trabalhadores e trabalhadoras saíram às ruas em todos os continentes para afirmar os seus direitos, exigir aumentos salariais e denunciar a ofensiva do capital contra os povos.
De Paris a Manila, de Buenos Aires a Lisboa, as manifestações do Dia Internacional do Trabalhador voltaram a unir vozes num clamor global contra a exploração, o desemprego e a precariedade. A data, símbolo da luta histórica dos operários de Chicago em 1886, continua a ser, quase 140 anos depois, um poderoso instrumento de resistência.
Do outro lado da fronteira, em Espanha, milhares responderam ao apelo das centrais sindicais, com destaque para Madrid, onde se exigiu o fim da especulação imobiliária e o reforço dos serviços públicos. No País Basco, o sindicato ELA-STV destacou a necessidade de aumentar o salário interprofissional e denunciou a deriva militarista, sublinhando que «nem um euro para gastos militares».
Em França, as manifestações centraram-se no aumento do custo de vida e na necessidade urgente de reforçar salários e pensões. A Confederação Geral do Trabalho (CGT) voltou a exigir a revogação da reforma da previdência imposta pelo governo, que aumentou a idade da reforma e promove a privatização do sistema público de pensões. Uma nova jornada de luta foi já marcada para 15 de Maio.
Na Grécia, os trabalhadores ocuparam o centro de Atenas contra a exploração, a guerra e a pobreza. Uma forte mensagem contra o envolvimento do país na guerra e os gastos no armamento foi visível nas manifestações em todo o país. Em Chipre, a PEO, principal central sindical do país, defendeu a necessidade de um aumento generalizado dos salários numa manifestação bastante participada, que culminou na celebração conjunta com os sindicatos turco-cipriotas, que se juntaram ao final da manifestação numa demonstração da exigência de unificação da ilha.
Na Argentina, a luta tomou as ruas já a 30 de Abril, numa poderosa manifestação das três centrais sindicais contra o governo de Javier Milei. As suas políticas ultraliberais estão a lançar milhões de argentinos na pobreza e a destruir as conquistas sociais. O 1.º de Maio reforçou essa denúncia.
No Brasil, as centrais brasileiras exigiram a redução do horário de trabalho e a melhoria do poder de compra. Com manifestações em várias cidades, o 1.º de Maio foi marcado por iniciativas que uniram todas as centrais sindicais.
Também em Cuba o povo voltou a afirmar a sua dignidade face ao bloqueio dos EUA. Um mar de gente tomou as ruas de Havana em direcção à Praça da República numa data de comemoração dupla: Dia dos Trabalhadores e 25.º aniversário do histórico discurso de Fidel Castro sobre o conceito de Revolução.
Na Colômbia, a população respondeu com mobilização a mais um assassinato de um dirigente sindical por parte de milícias armadas. As ruas encheram-se em defesa da proposta de reforma laboral e da vida dos que lutam pelos direitos dos trabalhadores.
Na Ásia, trabalhadores filipinos e sul-coreanos saíram à rua para exigir contratos justos, o fim da repressão sindical e melhores condições de vida. Em Timor-Leste a Confederação dos Trabalhadores de Timor-Leste mobilizou milhares de trabalhadores na exigência do aumento do salário mínimo e o avanço nos direitos, nomeadamente com a aplicação das convenções da OIT.
Em África, o 1.º de Maio foi também dia de denúncia. Do Gana à África do Sul, as ruas foram palco de protestos contra o desemprego, a pobreza e a ingerência de instituições como o FMI. Também em Cabo Verde as centrais sindicais organizaram diversas actividades reivindicativas.
Num mundo marcado pela intensificação da guerra, da promoção de forças reacionárias e de reforço da exploração, o 1.º de Maio reafirma-se como espaço de unidade e combatividade. Frente à ofensiva neoliberal e à ganância do grande capital, os trabalhadores continuam a escrever, com luta, a sua história.
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