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Apresentado no Brasil «maior pedido de destituição» contra Bolsonaro

Sete partidos, 400 organizações, juristas, intelectuais e artistas formularam esta quinta-feira o «maior pedido colectivo» para afastar Jair Bolsonaro, que é acusado de «crimes de responsabilidade».

Faixa a solicitar a destituição do actual presidente brasileiro, em Brasília
Créditos / Sputnik

O documento que solicita a destituição do actual chefe de Estado Brasileiro foi entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, sendo subscrito pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido da Causa Operária (PCO) e Unidade Popular (UP).

Havendo pelo menos 32 pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro entregues na Câmara, este é o primeiro que materializa tal nível de unidade entre os partidos da esquerda brasileira.

Sobre o actual presidente pesam acusações de «crime de responsabilidade» – que fundamentam o pedido de destituição –, como atentar contra a saúde pública e pôr em risco a vida do povo brasileiro, bem como ter uma conduta imprudente na luta contra a Covid-19, epidemia que até ao momento provocou mais de 20 mil mortes no país sul-americano, e insistir no incumprimento de directrizes da Organização Mundial da Saúde.

A Jair Bolsonaro é também apontada a responsabilidade por promover actos e proferir discursos contra a democracia, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, por provocar acções de violência física e verbal contra os jornalistas, entre outras acusações.

Assinam o pedido de destituição organizações como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia, a Central de Movimentos Populares e o Movimento das Mulheres Camponesas, além de juristas, intelectuais e artistas.

Defesa da vida, da saúde pública, da democracia

Na cerimónia simbólica de apresentação do pedido de afastamento, em Brasília, Bolsonaro foi apotando por vários oradores como «sabotador da República».

Para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Bolsonaro não tem condições políticas, administrativas e humanas para governar o Brasil. «Mais quantos terão que morrer para que o governo tenha consciência? Entendemos que, com Bolsonaro, é impossível o país enfrentar essa crise. Bolsonaro e o seu governo não conseguem responder à altura às necessidades da nação brasileira», declarou Hoffmann, citada pelo Brasil de Fato.


Por seu lado, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, afirmou: «A crise política mudou a nossa luta em defesa da vida. Não é mais possível apenas falar em defesa da vida, apenas falar em defesa do SUS [Sistema Único de Saúde], e ignorar que Jair Bolsonaro se tornou o principal inimigo da luta em defesa da saúde e da vida no Brasil.»

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), uma das signatárias da iniciativa, destacou o seu carácter unitário, sublinhando que se diferencia de «outros pedidos de impeachment já realizados porque tem um peso político e social, uma vez que reúne um amplo campo unitário de organizações do movimento popular, social e da juventude, além dos principais partidos de oposição no país».

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