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Bolsonaro participa em nova manifestação golpista: «Acabou a paciência»

A mobilização deste domingo em Brasília teve tom semelhante a outras promovidas por apoiantes de Bolsonaro, com pedidos de encerramento do Congresso e do Supremo, e da intervenção das Forças Armadas.

O acto deste domingo foi muito semelhante ao do passado dia 19 de Abril, que motivou o pedido de abertura de um processo criminal contra Jair Bolsonaro, junto do STF, por parte de vários juristas brasileiros
Créditos / @stedile_mst

Numa manifestação em que se viram muitas bandeiras do Brasil e algumas dos Estados Unidos e Israel, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou que «acabou a paciência» e que não vai aceitar mais «interferências», numa alusão clara ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tem sofrido alguns reveses, nomeadamente a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para a direcção da Polícia Federal.

Dirigindo-se às milhares de pessoas reunidas frente ao Palácio do Planalto, o presidente brasileiro disse: «Tenho a certeza de uma coisa; nós temos um povo emocionado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo pela lei, pela ordem, pela democracia, pela liberdade e o que é mais importante: temos Deus connosco», segundo divulgou a página Foco do Brasil, pró-Bolsonaro.


No acto deste domingo, viam-se faixas a pedir o encerramento do Congresso e do STF, bem como a solicitar a intervenção militar, ou seja, um conteúdo em tudo semelhante ao da manifestação do passado dia 19 de Abril, também em Brasília e em que o ex-capitão também participou, e que motivou um pedido de abertura de processo criminal contra Jair Bolsonaro, junto do STF, por parte de juristas de várias associações brasileiras.

O presidente brasileiro voltou a atacar os governadores de estados que estão a promover medidas sanitárias de quarentena contra a Covid-19: «O Brasil como um todo reclama a volta ao trabalho. A destruição de empregos irresponsável por parte de alguns governadores é inadmissível. O preço vai ser muito alto ali na frente, fome, desemprego, miséria», disse Bolsonaro, cuja governação tem sido marcada pelo ataque aos direitos dos trabalhadores, ao sector público e às políticas sociais.

Agressões a jornalistas

A mobilização, que decorreu no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, ficou também marcada pelas agressões verbais e físicas (socos e pontapés) de apoiantes de Bolsonaro a vários fotógrafos e jornalistas, que acabaram por sair do local escoltados pela Polícia, segundo revela o Brasil de Fato.

O fotógrafo Dida Sampaio, do Estadão, e o motorista da sua equipa, Marcos Pereira, foram os primeiros a ser agredidos. Fabio Pupo, repórter da Folha de S. Paulo, sofreu agressões ao tentar defender o seu colega. O jornalista Nivaldo Carboni, do Poder 360, também foi agredido fisicamente. De acordo com a fonte, todos se encontram bem.

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