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Viticultores manifestam-se esta quarta-feira na Régua

O aumento da quantidade de mosto que cada produtor pode transformar em vinho do Porto na vindima de 2025 é uma das reivindicações dos viticultores dourienses, que alertam para uma «crise estrutural» na região.

Vindimas no Douro. Pinhão (Alijó), 25 de Agosto de 2021
CréditosPedro Sarmento Costa / Agência Lusa

A situação dos viticultores durienses degradou-se «aceleradamente» nos últimos anos e a ameaça volta a pairar sobre a campanha deste ano. Quem o diz é a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que promove uma manifestação, esta quarta-feira, juntamente com a Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (Avadouriense), sua filiada.

«As ameaças que pairam sobre a campanha de 2025, num ano em que os viticultores foram obrigados a grandes gastos com as suas vinhas, apontam para um novo agravamento da situação na região», alerta um comunicado da CNA. A confederação denuncia a «chantagem exercida por algumas das casas comercializadoras e exportadoras», e a intenção de promover novo corte «no quantitativo do benefício», ou seja, na quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto. 

Este sábado ficou-se a saber, após reunião do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), que a decisão sobre o benefício foi adiada para 18 de Julho, dada a falta de entendimento entre a produção, que propõe um aumento, e os representantes do comércio, que defendem nova redução. Recorde-se que, já em 2024, este organismo reduziu o valor do benefício, fixando-o em 90 mil pipas, menos 14 mil do que no ano transacto. 

A CNA defende que os viticultores da Região Demarcada do Douro «têm sido ostensivamente deixados à mercê de uma engrenagem que esmaga deliberadamente o modelo produtivo da região, assente em muitos milhares de pequenos e médios produtores, esmagando também o valor do seu produto e do seu património». Simultaneamente, critica a «inadmissível passividade» dos sucessivos governos perante um desequilíbrio que o dinheiro, ou a falta dele, ajuda a perceber. Apesar de os preços pagos à produção continuarem em valores de há 25 anos, os custos, designadamente com os combustíveis, fitofármacos, energia e fertilizantes, tiveram uma subida exponencial. «Acentuou-se o desequilíbrio entre o poder de mercado das grandes casas comercializadoras e exportadoras, e o dos viticultores, em especial, dos pequenos e médios», lê-se na nota.

Entre as reivindicações para resolver «a crise estrutural que está em curso na Região Demarcada do Douro» está também o escoamento e preços justos para as uvas, e a proibição da compra de uvas abaixo dos custos de produção. A prioridade à aguardente regional na produção de vinho do Porto, maior capacidade à Casa do Douro para a estabilização dos stocks, fiscalização na entrada de mostos e vinhos oriundos de fora da região e a compra de stocks excedentários das adegas cooperativas, por parte do Estado, são outras exigências que motivam o protesto de amanhã, com início previsto às 9h30, no Largo da Estação do Peso da Régua, no distrito de Vila Real. 

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