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Incêndios florestais continuam a fustigar o País ano após ano

Com grandes incêndios a lavrar, autarcas e populações atingidas queixam-se do silêncio ensurdecedor do primeiro-ministro, um comportamento que contraste com promessas feitas quando estava na oposição.

CréditosPedro Sarmento Costa / Agência Lusa

Luís Montenegro não cumpre com aquilo que na oposição ao governo anterior exigiu do seu antecessor e, nesse sentido, tem sido alvo de profundas críticas das populações e dos autarcas das zonas atingidas pelos incêndios por o primeiro-ministro ter “desaparecido” e ninguém saber por onde anda o Governo. Entretanto, a ministra da Administração Interna veio sublinhar que «quem tem a responsabilidade da decisão precisa de tranquilidade e de sossego». Curiosamente, uma tranquilidade e um sossego que as populações e os bombeiros não têm.

O atraso no pedido de ajuda internacional para o combate aos fogos tem sido outro dos motivo de duras críticas, considerando que é hoje consensual que o Governo deveria ter accionado mais cedo o mecanismo de ajuda internacional, porque tudo indicava que seria necessário.

No entanto, e tendo em conta de que não será possível evitar todos os fogos, o problema não estará tanto na falta da ajuda internacional, mas sim nas opções políticas tomadas pelos diversos governos, incluindo o anterior e o actual, nomeadamente, ao não investirem no planeamento e reordenamento do território e da floresta. Mas também em relação às políticas seguidas e que são responsáveis pelo despovoamento e a desertificação das regiões interiores do País.

O Governo e o PSD, nesta linha de aproximação e cedência ao Chega, manifestam a intenção de inscrever na Lei de Política Criminal a prioridade investigatória aos incêndios, bem como a do agravamento das penas, o que na prática constitui uma inutilidade, considerando que o sistema jurídico-penal português se baseia nos princípios da legalidade e da autonomia do Ministério Público. Por outro lado, no que respeita à medida das penas, o actual quadro legal já prevê penas, consoante a gravidade, que vão de 1 até 12 anos de prisão. No fundo, este anúncio de agravamento de penas não passa de uma velha receita da direita que, quando não sabe o que fazer, propõe o aumento de penas.

Conforme se vai ouvindo, o que as populações esperam do Governo não são anúncios nem outras manobras com o objectivo de as iludir, mas a competência para erguer um sistema com capacidade de respostas claras e integradas dos vários sectores que para ele podem e devem concorrer, com as consequentes opções racionais de investimento, que passam necessariamente por valorizar o Estatuto Social dos Bombeiros e de outros agentes de Protecção Civil e pela a adopção de um vasto conjunto de medidas de natureza preventiva.

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