Para ilustrar a empenhada intervenção de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde na resposta à emergência sanitária da Covid-19 que tem afetado todo o mundo, os meios de comunicação globais adotaram a expressão «Na linha da frente».
Não há qualquer dúvida de que tem sido notável a intervenção destes profissionais num combate difícil e exigente, que tem implicado muita dedicação, muito sacrifício e bastantes riscos.
Porém, não se tem realçado o também importante papel desempenhado pelos bombeiros neste mesmo combate.
Analisadas as informações recolhidas quanto à missão dos bombeiros no contexto da crise da Covid-19, verifica-se que estes têm estado envolvidos nas múltiplas valências em que se tem desenvolvido a resposta à emergência.
«Só em 2019 os bombeiros executaram mais de um milhão e trezentos mil serviços de socorro, entre combate a incêndios (urbanos, industriais e florestais), emergência pré-hospitalar, fornecimento de água às populações, intervenções em infraestruturas e vias de comunicação, acidentes tecnológicos e industriais, entre outros»
Isto não é de estranhar. Afinal, desde sempre, os bombeiros estão todos os dias de cada ano «na linha da frente», em vários recantos deste país, no apoio e assistência às populações, na defesa de vidas e bens. Só em 2019 os bombeiros executaram mais de um milhão e trezentos mil serviços de socorro, entre combate a incêndios (urbanos, industriais e florestais), emergência pré-hospitalar, fornecimento de água às populações, intervenções em infraestruturas e vias de comunicação, acidentes tecnológicos e industriais, entre outros.
Em Portugal, o Estado não possui corpos de bombeiros próprios. As câmaras municipais e as Associações Humanitárias de Bombeiros são as únicas entidades que criaram e mantêm este tipo de agente de proteção civil.
Chegados aqui, importa que os responsáveis governamentais encarem os corpos de bombeiros dos municípios e das associações humanitárias como parceiros insubstituíveis, enquanto pilares do sistema de proteção civil. Mas parceiros que contam, cujas opiniões, aspirações e propostas sejam assumidas com consequências, e não como mera formalidade de audição.
Os bombeiros evoluíram muito na última década. Só quem está de má-fé não reconhece esta evidência. Mas precisam de (e querem) evoluir muito mais.
Os bombeiros e as suas estruturas de suporte precisam de estabilidade, por isso reclamam um modelo de financiamento estrutural, baseado em compromissos entre o Estado e as entidades que os detêm. E a este propósito é preciso afirmar que poucas instituições na sociedade portuguesa rentabilizam, tão bem como estas, as verbas que o Estado central e local nelas investe.
Os bombeiros sempre estiveram, estão e continuarão a estar «na linha da frente».
«É tempo de se acabar com as retóricas elogiosas e de glorificação dos bombeiros. É preciso dignificar-se esta função essencial para a sociedade, garantindo aos homens e mulheres bombeiros (voluntários e profissionais) formação qualificante, proteção individual e voz de comando identitário»
Por isso é tempo de o Governo definir o que quer dos Bombeiros. É tempo de acabar com a estratégia sub-reptícia de remeter os bombeiros para um papel secundário, num sistema que os vai substituindo, em funções de comando e de responsabilidade, por oriundos de outros agentes. Os bombeiros, como «espinha dorsal» do sistema de proteção civil, não podem ser apagados dos cargos de liderança, remetidos para um patamar subalterno, às ordens de tudo e de todos.
É tempo de se acabar com as retóricas elogiosas e de glorificação dos bombeiros. É preciso dignificar-se esta função essencial para a sociedade, garantindo aos homens e mulheres bombeiros (voluntários e profissionais) formação qualificante, proteção individual e voz de comando identitário.
Este é o respeito que os bombeiros esperam e merecem!
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