Nas últimas semanas foram dezenas os comboios Intercidades entre Lisboa e Évora que circularam com carruagens do serviço regional, mais lentas e menos confortáveis. Segundo o Dinheiro Vivo, a CP justifica a situação com «avarias e excesso de imobilizações verificadas no seu parque de material circulante». A comissão de trabalhadores vai às razões de fundo e diz que o problema está no desinvestimento em todo o sector, de que a falta de pessoal na EMEF (empresa de reparação e manutenção do material circulante) é um dos sintomas.
Recorde-se que o estrangulamento financeiro das empresas do sector ferroviário precedeu a estratégia privatizadora do anterior governo, que só foi parcialmente travada pelo actual Executivo. As linhas urbanas da CP e a EMEF acabaram por não ser entregues a privados, ao contrário do que aconteceu com a CP Carga, mas a recuperação da capacidade de resposta das empresas tarda em concretizar-se.
Nas linhas urbanas de Sintra e da Azambuja, entre 20 e 26 de Junho registaram-se 110 supressões de comboios, segundo um levantamento feito pelo PCP e que motivou uma pergunta ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas. Em cinco dias, não houve um único em que se tenham registado menos de dez supressões.
No documento, assinado pelo deputado comunista Bruno Dias, são apresentadas quatro tazões para a situação actual: falta de trabalhadores na EMEF, falta de material circulante, equipamentos envelhecidos e degradação da infra-estrutura. Só no dia 21, foram suprimidos 41 comboios devido a avaria na via.
A bancada comunista questionou o Governo quando vai «concretizar um plano nacional para a satisfação das necessidades nacionais de material circulante», tal como consta de um projecto de resolução do PCP aprovado a 5 de Junho.
Segundo o documento, há 88 unidades que ultrapassaram a sua vida útil, incluindo todas as composições que asseguram o funcionamento da linha de Cascais e mais de metade das carruagens dos Intercidades.
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