|Pobreza

Sempre que o frio aperta, destapa-se a pobreza

Todos os anos, as dificuldades económicas impedem muitas famílias de manter as casas aquecidas. Esta realidade está em confronto com os grandes lucros das empresas fornecedoras de energia.

CréditosSonia Salvador (Flickr) / ambienteterritoriosociedade-ics.org

São muitos milhares de famílias que, anualmente no Inverno, enfrentam grandes dificuldades para poder pagar a energia que lhes permita manter as suas casas aquecidas. Situação que decorre do facto de em Portugal se praticarem baixos salários, ao mesmo tempo que é o País da União Europeia (UE) onde as facturas da electricidade e de gás são mais elevadas.

Segundo dados do Eurostat de 2019, Portugal ocupava o quarto lugar no preço dos bens energéticos. E, nesse ano, um quarto da população portuguesa (perto de 20%) declarava não ter capacidade financeira para manter a sua casa aquecida de forma adequada.

Realidade agravada pela situação de crise económica, social e sanitária, que gerou um aumento brutal de desemprego e significativas perdas de rendimentos por parte de muitas famílias.

A responsabilidade não é meteorológica, pois assenta em opções políticas de décadas, de governos de PS, PSD e CDS-PP, que determinaram a privatização de empresas como a EDP e a Galp, empresas estas que passaram a orientar a sua actividade para a prossecução do lucro. Ao mesmo tempo, aumentou-se ainda, pela mão do último governo de PSD/CDS-PP e da troika, a taxa de IVA sobre bens energéticos para 23%.

Assim, ao mesmo tempo que muitos milhares não conseguem aquecer a sua casa, ainda no fim de Outubro passado, a EDP registava uma melhoria do lucro recorrente de 2020 para 900 milhões de euros.

Ano após ano, aqueles partidos continuam a chumbar  propostas, apresentadas na Assembleia da República, no sentido de reduzir o IVA da energia para 6%, o que aliviaria a carteira dos portugueses, assim como rejeitam projectos que pretendem a reversão das privatizações do sector.

Ainda esta semana, a Voz do Operário publicou um artigo onde revela diversos dados sobre esta matéria, entre os quais, o facto de o estado das habitações, designadamente as características de isolamento término, ser também um factor com um peso determinante.

São os mais pobres que mais frio enfrentam, tendo esta realidade repercussões quer sobre a sua saúde, quer também sobre os dados da mortalidade nesta época do ano – independentemente do quadro agravado pela actual pandemia.

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