O Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV) iniciou hoje o primeiro de dois dias de jornadas parlamentares que se realizam em Beja, no âmbito das quais estão em destaque os temas da defesa dos transportes públicos, em particular da ferrovia, e do combate ao olival intensivo e superintensivo, o qual se vem desenvolvendo, em particular no Alentejo.
Os dois temas estão no centro das preocupações dos ecologistas, que têm a instransigente defesa do ambiente como mote.
Para «Os Verdes» um maior investimento na ferrovia significa um passo em frente na defesa do ambiente e no combate às alterações climáticas. E neste sentido, urge concretizar a medida aprovada por sua proposta em sede do Orçamento do Estado para 2019 de electrificação da linha ferroviária entre Casa e Branca e Beja, para proporcionar às populações o seu direito à mobilidade, o que permitiria por um lado a dinamização da economia regional, e por outro um contributo ao despovoamento do interior.
Em declarações ao AbrilAbril de Heloísa Apolónia, esta afirma que importa agora que o Governo canalize o «investimento adequado – e não um investimento mínimo – para a concretização rápida da electrificação desta linha ferroviária», a qual deve ser feita rapidamente. Ao que acresce impôr-se como necessidade a existência em Portugal de «uma visão estratégica para a ferrovia» e que «não se páre por aqui, designadamente com a necessidade de investir na ligação entre Beja e Funcheira, uma grande reivindicação de Os Verdes», segundo a parlamentar.
É uma prioridade de sempre dos ecologistas a «aposta no transporte e na mobilidade colectivos» e por isso muito valorizam que, na vigência da actual solução política, «de Orçamento do Estado em Orçamento do Estado, tenham sido aprovadas medidas positivas nesta matéria, como o fim da condição de recursos para os passes 4_18 e sub_23» e agora a medida, que recentemente vigora, do passe único, «da qual Os Verdes se orgulham muito».
Deixam contudo o alerta de que existem ainda em Portugal «regiões onde é muito urgente investir em mais transporte», sendo gritante a «inexistência de transportes que sirvam as populações». E por isso, insistem, são necessárias medidas quer na redução do preço dos transportes, quer na componente do reforço no investimento dos meios de transporte disponíveis e adequados às necessidades das populações.
A necessidade de recurso a automotoras diesel devido ao facto de o troço não estar electrificado coloca entraves diários à mobilidade das populações. Os próprios ecologistas experimentaram hoje as consequências dessa situação, chegando ao destino com cerca de uma hora de atraso, devido uma avaria na automotora e «em razão deste atraso, uma senhora perdeu a ligação de autocarro à sua terra e só voltava a ter ligação ao fim do dia, perdendo assim todo o dia», situações garantem, que «acontecem recorrentemente».
Combater o olival intensivo
O combate ao olival intensivo e superintensivo é, no entendimento do PEV, de grande urgência para a preservação do Alentejo, uma vez que aquela forma de cultivo, que «destrói solos e contamina águas», dever ser ponderada quando discutimos as alterações climáticas. Dos contactos em curso sobre esta matéria, Heloísa Apolónia garante haver «utilização desenfreada de pesticidas sem o mínimo cuidado quanto à contaminação de lençóis friáticos ou de furos». A proximidade destas culturas junto a zonas habitacionais é muito arriscada, sobretudo num quadro de grande falta de fiscalização. Exemplos que confirmam as preocupações dos ecologistas são relatos de carros que, circulando na estrada, chegam a ser pulverizados em resultado dessa falta de cuidado.
Esta questão é assinalada pelos ecologistas que, com estas jornadas parlamentares, culminam a sua campanha de denúncia do olival intensivo, no âmbito da qual percorreram os três distritos alentejanos, colocando 500 bandeiras negras a assinalar aqueles locais.
A deputada de «Os Verdes» revela que, no quadro da União Europeia é necessário considerar o afastamento das políticas ali promovidas dos interesses do ambiente e do País. Segundo Heloísa Apolónia, «a realidade que vivemos em Portugal, e no Alentejo em particular, reflecte aquilo que é a Política Agricola Comum. A UE, que se diz sempre tão preocupada com as alterações climáticas, acaba por incentivar estas práticas e paisagens. Precisamos de vozes no Parlamento Europeu que afirmem as especificades do país e que defendam os nossos interesses».
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