A 23 de Setembro, uma reportagem da SIC revelava a situação do professor de Educação Física Rui Garcia, residente em Ponte de Lima, que se viu forçado, este ano, a dar aulas a cerca de 400km de casa, em Elvas. Sem conseguir arranjar casa, com vínculo precário há décadas, o professor não encontrou outra solução que não viver numa carrinha, fazendo as refeições e a sua higiene no espaço da escola.
Rui Garcia não é caso único. Todos os anos, milhares de professores são obrigados a deslocar-se dezenas (ou centenas) de quilómetros para ocupar uma posição numa escola, afastando-os das suas casas, das suas famílias e das suas comunidades. O preço especulativo das casas tem, na última década (desde a imposição da Lei Cristas, que desregulou o mercado imobiliário), sido um dos factores mais graves factores na precarização dos profissionais da educação.
Se aos custos proibitivos da habitação em Portugal, e o «aumento sem precedentes das taxas de juro», juntarmos «o preço dos combustíveis e a inflação que atinge fortemente os bens alimentares, conclui-se que muitos professores têm despesas superiores ao salário que auferem», denuncia a Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril.
Vários jovens afastam-se da profissão pelo elevado custo de vida, considera a federação sindical, sendo muitos deles «obrigados a rejeitar as colocações que obtêm» por incapacidade financeira. Da parte do governo e das autarquias, «mesmo daquelas em que a falta de professores é mais sentida, nada é feito no sentido de garantir a colocação e fixação dos professores nas zonas em que o custo de vida é mais elevado, desde logo o da habitação».
Por todas estas razões, a Fenprof e os sindicatos de professores que a integram anunciam a sua participação «nas manifestações pela habitação que se realizam no próximo sábado, dia 30 (15h), em Lisboa e noutras localidades do país». Até ao momentos, estão agendadas 20 manifestações em todo o país, organizadas por dezenas de associações que participam na plataforma Casa Para Viver.
«A Fenprof apela à participação dos professores nestas manifestações, não apenas aos que são directamente afectados por este grave problema, mas a todos, porque este é um problema que diz respeito a este grupo profissional, mas também a todos os portugueses e portuguesas».
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