A 23 de Setembro, uma reportagem da SIC revelava a situação do professor de Educação Física Rui Garcia, residente em Ponte de Lima, que se viu forçado, este ano, a dar aulas a cerca de 400km de casa, em Elvas. Sem conseguir arranjar casa, com vínculo precário há décadas, o professor não encontrou outra solução que não viver numa carrinha, fazendo as refeições e a sua higiene no espaço da escola.
Como é que uma crise na Habitação convive com as cerca de 160 mil casas vazias na zona da Grande Lisboa? Quando 1 em cada 10 casas está desabitada no Porto? Quando 14% de todas as casas em Portugal estão vazias, sem ocupação, sem locatários e sem função? Portugal é dos países da OCDE com maior número de casas por mil habitantes, a situação não pode deixar de causar estranheza: como é que com tanta construção, continua a ser impossível encontrar habitação a preços acessíveis? Neste episódio do Megafone conversámos com o Tiago Mota Saraiva, Arquitecto, Luís Mendes, Geógrafo do IGOT e membro da direcção da Associação de Inquilinos Lisbonense, e Susana Mourão, Socióloga e Coordenadora do Plano Local de Habitação da Câmara Municipal de Évora. Como é que uma crise na Habitação convive com as cerca de 160 mil casas vazias na zona da Grande Lisboa? Quando 1 em cada 10 casas está desabitada no Porto? Quando 14% de todas as casas em Portugal estão vazias, sem ocupação, sem locatários e sem função? Portugal é dos países da OCDE com maior número de casas por mil habitantes, a situação não pode deixar de causar estranheza: como é que com tanta construção, continua a ser impossível encontrar habitação a preços acessíveis? Neste episódio do Megafone conversámos com o Tiago Mota Saraiva, Arquitecto, Luís Mendes, Geógrafo do IGOT e membro da direcção da Associação de Inquilinos Lisbonense, e Susana Mourão, Socióloga e Coordenadora do Plano Local de Habitação da Câmara Municipal de Évora. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.|
Habitação: muita gente sem casa, tanta casa sem gente
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Rui Garcia não é caso único. Todos os anos, milhares de professores são obrigados a deslocar-se dezenas (ou centenas) de quilómetros para ocupar uma posição numa escola, afastando-os das suas casas, das suas famílias e das suas comunidades. O preço especulativo das casas tem, na última década (desde a imposição da Lei Cristas, que desregulou o mercado imobiliário), sido um dos factores mais graves factores na precarização dos profissionais da educação.
Se aos custos proibitivos da habitação em Portugal, e o «aumento sem precedentes das taxas de juro», juntarmos «o preço dos combustíveis e a inflação que atinge fortemente os bens alimentares, conclui-se que muitos professores têm despesas superiores ao salário que auferem», denuncia a Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril.
Vários jovens afastam-se da profissão pelo elevado custo de vida, considera a federação sindical, sendo muitos deles «obrigados a rejeitar as colocações que obtêm» por incapacidade financeira. Da parte do governo e das autarquias, «mesmo daquelas em que a falta de professores é mais sentida, nada é feito no sentido de garantir a colocação e fixação dos professores nas zonas em que o custo de vida é mais elevado, desde logo o da habitação».
As organizações sindicais de docentes não desarmam e vão avançar com uma caravana pelo país intitulada «Pela Profissão Docente e pela Escola Pública». A Estrada Nacional 2 será o caminho da luta. Depois de parar por duas vezes nas várias capitais de distrito com greves em simultâneo, os professores vão desta vez fazer o país de lés-a-lés numa caravana reivindicativa. É a FENPROF que dá a conhecer a acção numa nota de imprensa assinada ASPL, FENPROF, Pró-ordem, SEPLEU, SINDEP, SIPE, SPLIU e SIPE. A caravana terá como lema «Pela Profissão Docente e pela Escola Pública» e irá arrancar de Chaves a dia 22 de Maio, terá sete etapas, e passará por 30 cidades até chegar a Faro no dia 30. Por onde passar irão desenvolver-se acções de contacto com as populações, concentrações e plenários de professores, entre outras actividades. A ideia é ter um processo preparatório para as manifestações que irão ocorrer no dia 6 de Junho que terá como elemento central os resultados das negociações com o ministro da Educação que estão a ocorrer. Recorde-se que ontem a FENPROF abandonou a reunião de negociação suplementar que estava a ter com o ministro da Educação por considerar que havia uma «postura anti-democrática». Segundo a federação sindical da CGTP-IN, o ministro da Educação revelou que o documento que apresentou na primeira reunião de negociação não vai sofrer qualquer alteração, mesmo após a realização de três reuniões políticas e de uma outra de teor técnico, algo que a FENPROF caracteriza de «uma encenação». Na senda da reacção após a saída da reunião, a FENPROF acusa o Ministério de «prosseguir com os procedimentos disciplinares contra os professores que fizeram a greve da Administração Pública a 17 de março, para a qual não estavam decretados serviços mínimos» e afirma que «irá apresentar ao DIAP de Lisboa todos os casos de que tem conhecimento de faltas injustificadas e processos disciplinares aplicados indevida e ilegalmente a estes professores e educadores». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Professores: na falta de respostas não faltará luta
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Por todas estas razões, a Fenprof e os sindicatos de professores que a integram anunciam a sua participação «nas manifestações pela habitação que se realizam no próximo sábado, dia 30 (15h), em Lisboa e noutras localidades do país». Até ao momentos, estão agendadas 20 manifestações em todo o país, organizadas por dezenas de associações que participam na plataforma Casa Para Viver.
«A Fenprof apela à participação dos professores nestas manifestações, não apenas aos que são directamente afectados por este grave problema, mas a todos, porque este é um problema que diz respeito a este grupo profissional, mas também a todos os portugueses e portuguesas».
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