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Redução das taxas de juro é «política de fachada» que não reduz dificuldades

O BCE decidiu reduzir as taxas de juro em 0,25%, algo que o Porta a Porta considera «política de fachada» para salvaguardar os lucros da banca. Com a manutenção das dificuldades das famílias, dia 28 de Setembro há manifestações pelo direito à Habitação. 

Porto 
CréditosManuel Fernando Araújo / Agência Lusa

Com a taxa de inflação anual na zona euro a fixar-se em 2,2% em Agosto, uma descida de 0,4% face ao mês de Julho, o BCE decidiu reduzir as taxas de juro directoras em 0,25%.  A medida anunciada significa que a taxa de depósitos, que afecta as Euribor aplicadas aos créditos, desce dos actuais 3,75% para os 3,5%.

Esta redução não se traduzirá em reduções futuras e até a inflação fixar-se nos 2%, a presidente do BCE assegurou que se irão «manter as taxas suficientemente restritivas o tempo que for necessário para atingirmos este objetivo». 

Desta forma o anúncio do BCE não se traduz em melhorias nas condições de vida do povo e dos trabalhadores e quem o afirma é o Porta a Porta. Segundo o movimento em defesa do direito à Habitação, a insuficiência da redução das taxas de juro «mantém as graves dificuldades das famílias e assegura os lucros da banca», considerou em comunicado. 

O Porta a Porta relembra que «a taxa de juro foi de 0% até 27 de Julho de 2022, momento em que subiu de imediato 0,5% e menos de dois meses depois, em 14 de Setembro do mesmo ano, aumentou logo de novo mais 0,75% fixando nos 1,25%, seguindo-se a 2 de Novembro do mesmo ano mais uma subida de 0,75%, a que se somou uma quarta subida da mesma taxa em mais 0,50%, a 21 de Dezembro do mesmo ano, o que fez com que a mesma se fixa-se logo no fim de 2022, e apenas num período de 5 meses, em 2,50%. Em 2023 assistimos a mais seis subidas da taxa de juro, num período de apenas nove meses, entre Fevereiro e Setembro, que a fixou nos famigerados 4,5%». 

Esta evolução descrita impôs sérias dificuldades às famílias que viram, simultaneamente, um enorme aumento nos créditos à habitação· A consequência, a par da crise habitacional gerada, foi também a acumulação de lucros «astronómicos» da banca, entende o Porta a Porta. «Só nos primeiros seis meses deste ano, os cinco maiores bancos a operar em Portugal, acumularam, por dia, mais 14,5 milhões de euros em lucros à conta destas taxas de juros. Estas taxas de juro garantiram aos cinco maiores bancos nacionais uma subida de mais de 10 milhões de euros de lucros por dia», lê-se no comunicado enviado às redações. 

Face ao anúncio feito hoje pelo BCE, o Porta a Porta encara-o como uma «política de fachada». Para o mesmo, a acção do BCE visa, não aliviar o esforço das famílias, mas sim continuar a salvaguardar os lucros da banca. 

Com a manutenção de uma política restritiva, o Porta a Porta frisa a necessidade de todos saírem à rua para lutar. No próximo dia 28 de Setembro, por todo o país, em várias cidades, de norte a sul e ilhas, o movimento Casa para Viver, no qual se integra o Porta a Porta, irá organizar diversas manifestações, exigindo habitação com preços comportáveis para os salários das famílias. 
 

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