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|Futebol

O eterno retorno à manipulação no futebol português

Acedemos a repetir as fórmulas de discurso do poder ou escolhemos definir aquilo que eleva as nossas paixões? No futebol português, o eterno retorno à manipulação das massas impede-nos, a todos, de progredir. Mas a escolha ainda é nossa.

CréditosAntónio Cotrim / Agência Lusa

Quem vive no meio do futebol português parece condenado a um eterno retorno a um território onde nada daquilo que é futebol interessa. A aproximação ao final do campeonato, com duas ou mais equipas a alimentar a esperança de o poderem vencer, desfaz toda e qualquer possibilidade de olhar para o futebol como o jogo que é, tornando-se todo o foco do discurso e atenção naquilo que o futebol não é. Pior. Se alguém ainda insiste em definir os acontecimentos do jogo na observação da sua prática, é taxado de inocente ou contribuidor para a manutenção do «podre» estado das coisas. Quem isto afirma, não consegue perceber o mecanismo para onde é empurrado.

A manipulação das massas recorre a fórmulas, frases feitas, que estas possam assimilar sem grande esforço. Quem corre atrás de um presidente de clube que aponta para a culpa do adversário tende a perceber aí uma explicação fácil para o seu próprio insucesso, desconvocando-se voluntariamente para uma apreciação mais global do estado em que vive. Isto acontece no futebol, mas o futebol é apenas um campo de ensaio para o que também acontece na política, na sociedade, no trabalho. Cede-se facilmente ao discurso do poder, sem perceber o enorme potencial que uma transformação do discurso a partir das massas e dos seus interesses poderia oferecer como alternativa. Podia-se fazê-lo pela vitória, mas nem a vitória traz grande conquista se a realidade for apenas uma apropriação das más práticas do rival.

«A manipulação das massas recorre a fórmulas, frases feitas, que estas possam assimilar sem grande esforço.»

Pode-se, assim, continuar a escalpelizar o árbitro, a sua vida presente e futura, em busca de uma qualquer alínea que nos sossegue o ponto em falta. Pode-se, também, encher um estádio que grita por um eventual derrube dentro da área em lugar de o fazer para apoiar a busca de um jogar que nos aproxime de um resultado histórico.

Pode-se, de todas as maneiras, esquecer que a prática de um discurso violento, seja da parte das estruturas do poder no mundo do futebol, seja da parte daqueles que o transformam em espetáculo de humor para ridicularizar a forma como se adere a ele, é apenas uma forma de continuar a fixar a nossa atenção numa roda que não sai do mesmo lugar. Ou pode-se resistir à facilidade das fórmulas que nos impõem e exigir que, por uma vez, o foco das nossas equipas seja jogar à bola. A escolha, no meio de todo este fumo, ainda é nossa.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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