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Artur Jorge, o homem a quem chamaram Rei

Não tenho a mínima dúvida de enquadrar Artur Jorge como uma das grandes referências do nosso desporto. Nessa visão completa e integrada do que o desporto pode significar nas suas vidas. Será por isso eternamente lembrado.

CréditosPaulo Novais / Agência Lusa

Faleceu Artur Jorge Braga de Melo Teixeira, uma referência do desporto português. Enquanto treinador deixou o seu nome na história das grandes conquistas do nosso futebol, depois de ter sido um avançado de altíssimo nível, mas foi também uma presença constante num período de mudanças e progressos no futebol nacional. 

Nascido no Porto, onde também terminou a sua formação futebolística no Futebol Clube do Porto, Artur Jorge rumou a Coimbra para seguir a sua carreira de futebolista e estudante. Desde logo mostrou forte apetência pelo golo, deixando mais tarde a sua marca no remate de moinho que tornou característico. Mas em Coimbra formou-se também em Filologia, cimentando a sua cultura e interesse filosófico e artístico, tendo-se também destacado num dos períodos fortes das lutas estudantis contra o Estado Novo. 

Terminada a sua formação académica e cumprido o serviço militar, tornou-se profissional no Sport Lisboa e Benfica, onde, por duas vezes, foi melhor marcador da 1.ª Divisão Nacional. Enquanto jogador do clube lisboeta fez parte da comissão diretiva do primeiro Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, em 1972, o qual emitiu um primeiro comunicado em defesa das garantias laborais dos jogadores. Foi 16 vezes internacional português e terminou a carreira de jogador, em Portugal, ao serviço do Belenenses.

A sua formação de treinador foi completada em Leipzig, na República Democrática Alemã, numa época onde os avanços científicos no desporto permitiam autênticas revoluções na preparação das equipas. Tendo sido treinador-adjunto de José Maria Pedroto no Vitória Sport Club, foi por este indicado para assumir a equipa do Futebol Clube do Porto, depois de passagens pelo Belenenses e o Portimonense. 

«A sua formação de treinador foi completada em Leipzig, na República Democrática Alemã, numa época onde os avanços científicos no desporto permitiam autênticas revoluções na preparação das equipas.»

No Futebol Clube do Porto escreveu as mais impressionantes páginas da sua história, com a conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1987. A forma como a sua equipa aliava qualidade técnica e organização torna, ainda aos olhos de hoje, esse conjunto azul e branco, uma equipa capaz de rivalizar com as mais interessantes propostas do futebol coletivo. Em França, primeiro no Racing de Paris e, mais tarde, no Paris SG, acabou por confirmar-se como o «Rei Artur», pela qualidade de jogo que as suas equipas apresentavam. 

Em 94/95 teve uma passagem falhada pelo Sport Lisboa e Benfica e o seu percurso acabou por não continuar a cumprir a linha de sucesso que revelara nos primeiros anos. Falhara, antes, com a Seleção Nacional o apuramento para o Euro 92, tendo participado no Euro 96 como selecionador da Suíça. Foi ainda campeão na Arábia Saudita e trabalhou em diversos países, mas a sua referência enquanto técnico fica marcada pelo sucesso do seu Futebol Clube do Porto. 

Homem de profundo conhecimento e intelectual de destaque, Artur Jorge afastou-se do palco mediático, também afetado por doença prolongada. Foi uma figura cujo desgaste de certas lutas e o insucesso de outros trabalhos terão ocultado todo o peso da sua marca. No entanto, não tenho a mínima dúvida de enquadrar Artur Jorge como uma das grandes referências do nosso desporto. Nessa visão completa e integrada do que o desporto pode significar nas suas vidas. Será por isso eternamente lembrado.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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