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Futebol português, competições europeias e a ameaça da Superliga

A pirâmide do futebol português, sustentada no sucesso dos grandes clubes, pode estar a ser colocada em causa na sua essência. As alterações nas provas da UEFA aumentam a necessidade de mais clubes com capacidade competitiva.

Créditos / Os Belenenses

A construção da pirâmide do futebol português sustentada pelo sucesso dos grandes clubes pode estar a ser colocada em causa na sua essência. As alterações nas provas da UEFA aumentam a necessidade de existirem mais clubes com capacidade competitiva nas competições europeias.

Caso isso não se verifique, Benfica e FC Porto poderão ter um caminho mais fácil para atingir os seus objetivos com a consumação de uma Superliga europeia. Quadro que viria apenas destruir de vez o que no futebol português já é de uma enorme fragilidade.

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Super Liga Europeia: a forma final do futebol moderno

Clubes e UEFA são a face da mesma moeda. Por agora em desacordo, têm caminhado lado a lado na promoção do futebol como indústria, em detrimento do seu carácter desportivo e da sua ligação aos adeptos.

No encontro amigável de futebol Clube Africain-Paris Paris Saint Germain, em Tunes, Tunísia, a 4 de Janeiro de 2017, os adeptos do clube local acolheram os adeptos franceses com uma faixa onde se lê «criados pelos pobres, roubados pelos ricos» 
Créditos / Calcio & Gabbana

O dia 18 de Abril de 2021 pode ficar para a história como um marco negro no futebol. Doze clubes europeus anunciaram a organização de uma «Super Liga Europeia», em modelo fechado e que procura rivalizar com a Liga dos Campeões. Caso vá adiante, podemos estar a olhar para a maior machadada no conceito de mérito desportivo, o qual foi já bastante desbastado ao longo das últimas décadas.

Estes 12 clubes (seriam 15, mas PSG, Bayern München e Borussia Dortmund recusaram participar neste momento), com esta competição, pretendem dar um golpe, captando recursos financeiros e de transmissão que neste momento estão canalizados para a UEFA e, deste modo, cimentarem a sua posição enquanto «marcas globais», sem que o rendimento e o mérito desportivo os possa colocar em causa.

«com esta competição, [os clubes] pretendem dar um golpe, captando recursos financeiros e de transmissão que neste momento estão canalizados para a UEFA e, deste modo, cimentarem a sua posição enquanto «marcas globais», sem que o rendimento e o mérito desportivo os possa colocar em causa»

No fundo, a ideia é colocar um ponto final no debate e tornar o futebol num negócio pelo negócio, com a transformação dos clubes em empresas desportivas, um pouco à semelhança da equipa de basquetebol estado-unidense New York Knicks, que é das empresas desportivas mais conhecidas do planeta, das que tem maior orçamento, apesar de não ganharem um título há 48 anos, e não existir grande ambição para alterar a situação.

Importa dizer que este projecto não é recente, estando já a ser imaginado há décadas, com intenções públicas de o constituir a surgirem já em 1998. Mudanças ocorridas no futebol a partir do início dos anos 90 permitiram às equipas e países com maior capacidade financeira concentrar os melhores valores desportivos internacionais praticamente sem restrição, o que desequilibrou a competitividade, reforçando a posição inicial dessas equipas, que por sua vez, se tornaram mais influentes junto dos organismos que gerem o futebol, para continuar o efeito de pescadinha de rabo na boca, em que este processo se tem repetido desde então.

«É interessante ver a UEFA apelidar a acções destes clubes de cinismo e de irem contra o espírito de mérito desportivo quando, em conjunto com eles, todas as alterações às competições de clubes e selecções desde 1997 (com excepção da Liga das Nações) têm sido feitas no sentido de beneficiar quem tem mais carteira e não quem tem mais golos marcados»

O surgimento da ideia em 1998 de uma liga europeia à parte da Liga dos Campeões foi o suficiente para a UEFA ter modificado o formato da competição, permitindo a entrada de mais equipas das maiores ligas, dando mais hipóteses de estas se manterem em competição. Ao longo dos anos tem sido esse o padrão de actuação da UEFA, que partilha a ideia de um futebol concentrado num punhado de clubes que não passam de «marcas» que geram mais receitas provenientes de publicidade, merchandising e receitas televisivas.

É interessante ver a UEFA apelidar as acções destes clubes de cinismo e de irem contra o espírito de mérito desportivo quando, em conjunto com eles, todas as alterações às competições de clubes e selecções desde 1997 (com excepção da Liga das Nações) têm sido feitas no sentido de beneficiar quem tem mais carteira e não quem tem mais golos marcados.

A hipocrisia é tão mais evidente quanto num dia repudiam a criação desta nova competição de ricos e, literalmente, no dia a seguir aprovam uma reformulação da Liga dos Campeões, acordada com estes mesmos clubes, que garante mais facilidade do seu acesso à competição e de se manterem em prova.

O maior erro de análise que se pode tirar deste acontecimento no futebol é que isto é uma guerra entre clubes ricos e UEFA. Ambos são a face da mesma moeda, que estando por agora em desacordo, têm caminhado sempre lado a lado na promoção do futebol como indústria, em detrimento do seu carácter desportivo e da sua ligação aos adeptos.

«De forma geral, parece que a rejeição dos amantes do desporto a este modelo de futebol é largamente maioritária, com alguns dirigentes e intervenientes desportivos a terem já a necessidade de se distanciarem do projecto»

Por último, neste curto texto, quero salientar a reacção dos adeptos, a começar pelos dos próprios clubes proponentes. Ao longo das últimas horas têm-se visto adeptos organizados, dos clubes ingleses envolvidos, a denunciarem o anúncio da nova «Super Liga» – o que é mais significativo quando se tem em conta a história e raízes das equipas. De forma geral, parece que a rejeição dos amantes do desporto a este modelo de futebol é largamente maioritária, com alguns dirigentes e intervenientes desportivos a terem já a necessidade de se distanciarem do projecto.

Que a revelação da forma final do futebol moderno, o futebol negócio, com todas as suas contradições e podridão expostas, possa servir para ampliar e reforçar a batalha por uma alternativa, pelo futebol de carácter popular, decidido nas quatro linhas, onde os valores valham mais que os cifrões.

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A participação das equipas nas competições europeias tem sido basilar na construção da economia do futebol português. Numa Liga dependente das vendas dos direitos dos jogos e com pouca imaginação para cativar maiores receitas de bilheteira ou de vendas associadas aos clubes, é na Europa que os grandes portugueses desenham parte dos seus orçamentos, no que toca aos prémios recebidos por participar, nomeadamente na Liga dos Campeões, ou na utilização da montra para especular sobre os valores dos jogadores que são transferidos. 

Nas últimas duas temporadas, as principais vendas foram muito consequência do apresentado pelas equipas portuguesas na Liga dos Campeões. As excelentes exibições de Luis Diaz pelo FC Porto, de Darwín Núñez pelo Benfica e de Matheus Nunes pelo Sporting foram o selo de garantia para os preços cobrados pelas equipas nacionais. Torna-se assim fundamental garantir a presença nessas provas europeias, de maneira a poder consolidar as finanças de estruturas que assentam a sua sustentabilidade numa área onde uma bola que sai ao lado por ter um custo enorme.

«Benfica e Porto, sem a ajuda do ranking da UEFA, acabarão por encontrar no projeto da Superliga uma resposta mais rápida e direta para a consumação dos seus objetivos particulares.»

Acontece que, para garantir lugares para as equipas portuguesas na Liga dos Campeões será necessário que Portugal consiga manter a sua posição do ranking da UEFA. Com o aumento de competições europeias, após o lançamento na época passada da Liga Conferência, foi diversificado o leque de provas onde os países podem somar pontos. Portugal parece ter ficado preso no sucesso do seus dois principais fornecedores de pontos, Benfica e FC Porto, não encontrando capacidade nos outros conjuntos para somar. E como atingir o sucesso na Liga dos Campeões ou na Liga Conferência acaba por ter efeitos semelhantes no ranking, os Países Baixos já ameaçam a posição de Portugal.

A realidade do desequilíbrio financeiro entre equipas da Liga Portugal pode acabar por ter custos enormes para o futebol português. Num primeiro momento, colocando em causa a participação em competições com elevado ganho orçamental. Num segundo momento, colocando mesmo em causa as estruturas de solidariedade previstas nas regras da centralização de direitos televisivos, com implementação prevista para 2028/29. A internacionalização da Liga Portuguesa até pode trazer ganhos mínimos em relação ao quadro existente. Mas Benfica e Porto, sem a ajuda do ranking da UEFA, acabarão por encontrar no projeto da Superliga uma resposta mais rápida e direta para a consumação dos seus objetivos particulares.

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O mundo no Mundial

O Mundial 2022, de uma forma cruelmente evidente, é muito mais do que uma competição de futebol. Outros valores se levantam no momento em que a bola começa a rolar. E parece ter pouco ou nada que ver com o futebol.

Luís Cristóvão, <em>Um Outro Mundial </em>
Créditos

Cada edição do Mundial de futebol é um momento de olhar o mundo e perceber como ele evolui. Para os cidadãos de 2022, o fato deste Mundial se realizar no Qatar trará mais reflexões sobre os problemas do que saudações sobre os avanços provocados pelo mesmo.

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O futebol, o Mundial e o nosso dever de intervenção

Contra aqueles que acreditam que os problemas do Mundo se resolvem com o cancelamento dos mesmos nas agendas pessoais, o envolvimento e a intervenção nos acontecimentos como uma resposta aos problemas que estes podem estar a gerar. Uma oportunidade para pensar no que é o futebol e onde somos colocados pela realização deste Mundial no Qatar.

CréditosWalter Bieri / EPA

O que é o futebol

Desde sempre que, em quase tudo no mundo, se pretendeu ter a capacidade de dividir as coisas em dois, polarizando as escolhas como adesões inquestionáveis a um dos lados da contenda. Ao longo da sua história, o futebol foi apenas mais uma dessas coisas do mundo que se ama ou se odeia. Muitos e muitas dos apaixonados pelo desporto encaram o futebol como o irmão velho e rico que parece encostar-se ao seu privilégio para se impor sem qualquer preocupação com os restantes. O futebol enquanto ópio do povo também é uma ideia muito partilhada por uma determinada elite, tendente apenas a entender as dinâmicas negativas criadas por um acontecimento que convoca paixões e multidões onde quer que ocorra. Por outro lado, muitos daqueles que se embrenham no acontecimento futebolístico também o tendem a fazer de forma absoluta, incapazes de o questionar ou de analisar as diferentes escalas em que as coisas do futebol, como as de todas as outras coisas da vida, se podem dividir.

Gostar de futebol não é um contrato exclusivo com uma construção ilusória a partir de um desporto que tende a embrenhar-se numa dinâmica de dinheiro e poder. É, na verdade, muito do seu contrário. Porque apesar de todos os movimentos que se podem gerar em volta do terreno de jogo, o futebol continua a ser muito semelhante àquilo que sempre foi. Um período de tempo predeterminado, onde duas equipas de número igual de elementos tentam vencer a outra, dentro de um quadro de regras simples aceites pelas duas partes. Neste intervalo de noventa minutos, podemos assistir a todas as grandes dinâmicas da vida. A importância da preparação e do planeamento. A força da organização coletiva. A inebriante esperança de podermos ser melhores do que qualquer rival que nos desafie. A capacidade de transformar fraquezas em forças. A emoção de um objetivo alcançado. O drama de uma derrota inesperada. Tudo dentro desse quadro controlado de quem sabe que, amanhã, o nosso pensamento já estará a focar-se no desafio seguinte.

Mas o futebol é também um meio de transformação social. Dos jogadores, que chegam quase todos de classes menos privilegiadas e, através do seu talento e do seu trabalho, conquistam uma ascensão social inimaginável em qualquer outra área profissional. Das comunidades, que se organizam em redor de um clube e crescem e se desenvolvem como exemplos de cooperação e sucesso. Dos adeptos, que aí encontram maneiras de expressar as suas raivas e as suas esperanças, concentradas numa prática de afirmação que lhes é impedida em muitas outras áreas da sua vida. E de tantos, tantos outros, que acabam por encontrar no futebol uma maneira de explicar o seu mundo através de uma língua franca que lhes abre portas em qualquer labirinto. Tudo isto é o futebol, o futebol que apaixona, o que futebol que se reinventa, o futebol ao qual continuamos a aspirar.


Onde nos coloca este Mundial

A realização do Mundial no Qatar coloca-nos uma série de questões que são muito relevantes no quadro do mundo em que vivemos no ano de 2022. A ausência de transparência na atribuição deste evento, a quebra da tradição no período do ano em que ocorre, o posicionamento do país que o recebe na defesa dos direitos humanos, largamente deficitário em relação aos padrões mínimos exigíveis, os condicionamentos impostos a todos aqueles que visitem o país, as opções na defesa do planeta perante as ameaças das alterações climáticas e outras tantas notícias que chegam do Qatar são pontos que merecem preocupação e análise. Os Mundiais de futebol têm um historial de debate em relação aos países que os organizam. Assim foi em Itália em 1934, na Argentina em 1978 ou na Rússia em 2018, apenas para citar os casos mais paradigmáticos e comparáveis com o que vai acontecer no Qatar. Importante que em todos esses casos seja a memória do que estava mal em cada um desses países aquela que perdura na mente da maioria das pessoas.

Parafraseando Jorge Valdano, o Mundial do Qatar pode ser uma oportunidade. Aliás, a mesma oportunidade que o futebol sempre nos ofereceu. Para reconhecer o mundo para além do limite do nosso alcance e entendimento, para nos colocar perante o desconhecido, mas também para debater, discutir e denunciar tudo aquilo que nos vários países que disputam esta prova é digno de ser transformado. O futebol sempre foi e sempre será isso mesmo. A chamada de atenção para algo que merece ser observado. Aliás, o Qatar está já a passar por isso mesmo. A forma como várias notícias e campanhas têm sido desenvolvidas – acompanho de mais perto aquelas realizadas pela Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, mas existem mais organizações com trabalhos bastante meritórios, tal como vários jornalistas – já obrigou o país a modificar comportamentos que impedem que a situação dos trabalhadores seja tão má como já foi. Será preciso ir mais longe – o foco nunca deve ser apenas e só aquilo que é afetado pelo Mundial, mas em todos os cidadãos e habitantes, nas suas diferentes profissões e posicionamentos, merecem receber a nossa atenção e palavra. De maneira a que o Mundial seja uma janela onde a voz de quem tem algo a dizer encontre o palco que procura.

Os tempos que vivemos são particularmente tensos. Mas o esforço que fazemos terá de ser o de manter a capacidade para identificar as melhores maneiras de intervir em cada espaço. Compreendo perfeitamente quem prefere “cancelar”, nas suas agendas pessoais, a existência deste Mundial. No entanto, não alinho na opção de tapar os olhos e os ouvidos perante as injustiças do mundo. Bem pelo contrário. O Mundial será uma oportunidade para continuarmos atentos ao que acontece no mundo. Enquanto, no terreno de jogo, os melhores jogadores do mundo tentarão uma vez mais, através da expressão do seu talento, da sua inteligência e do seu trabalho, transformar o mundo a cada toque na bola. Poderão considerar isso uma utopia. Mas acredito ser um pouco mais do que isso. Acredito ser a minha obrigação de me envolver nas coisas para que delas se aproveite algo mais, através da observação e da análise. Daí que se entre, a partir de agora, em modo-Mundial, aqui por casa. Com a mesma dedicação de sempre.

Artigo publicado numa primeira versão no site luiscristovao.com 

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É inegável que o processo de escolha do país organizador esteve envolto em problemas de corrupção, tal como é inegável a fatura em vidas humanas do apressado desenvolvimento de um país que procura, num espaço de trinta anos, transformar a sua face. Por outro lado, joga-se pela primeira vez um Mundial num país árabe muçulmano, no que isso acaba por significar para as possibilidades de diálogo entre dois mundos que, na sua aparência, vivem de costas voltadas.

O Mundial 2022, de uma forma cruelmente evidente, é muito mais do que uma competição de futebol. Com a invasão militar russa na Ucrânia e as consequentes crises económicas e energéticas que afetam toda a Europa, as matérias-primas do Qatar conquistaram um peso ainda maior no equilíbrio do mundo em que vivemos. Não é por isso de espantar que tantos queiram virar a cara ao desrespeito pelos direitos humanos, direitos climáticos, direitos de trabalho, direitos das mulheres ou liberdade sexual neste país. Outros valores se levantam no momento em que a bola começa a rolar. E parece ter pouco ou nada que ver com o futebol.

O Qatar da bola

Apesar de ser apenas o segundo país a organizar um Mundial sem nunca antes ter participado num (sendo a Itália de Mussolini, em 1934, o outro exemplo), é difícil negar que o Qatar tem uma tradição futebolística.

«Apesar de ser apenas o segundo país a organizar um Mundial sem nunca antes ter participado num, é difícil negar que o Qatar tem uma tradição futebolística.»

Atuais campeões asiáticos, o Qatar participou, desde a sua independência, em onze, das trezes, edições da Taça Asiática. Conquistou a Taça do Golfo por três vezes. Participou nos Jogos Olímpicos de 1984. Foi finalista, vencido, no Mundial de Sub-20 em 1981, prova que organizou em 1985.

A caminho do atual Mundial, a seleção qatari aproveitou talento naturalizado para formar o seu grupo, com jogadores nascidos no Sudão, no Gana, no Egito, em França, em Portugal, no Iraque. Mas também encontra espaço para uma nova geração de qataris filhos de imigrantes. Apresentar-se ao nível dos rivais é um objetivo mínimo para a equipa orientada pelo espanhol Félix Sánchez.

Ainda há futebol de rua

Aos 23 anos, Moisés Caicedo é uma das figuras da seleção do Equador, que em 2014 atingiu os oitavos-de-final do Mundial. Nesse mesmo ano, Moisés deixou as ruas de Santo Domingo de los Tsáchilas, onde jogava com os seus dez irmãos, para entrar na academia do Independiente del Valle. Nesta equipa venceu a Taça dos Libertadores em Sub-20 e foi contratado pelo Brighton, da Premier League inglesa.

É um longo caminho para um jovem jogador que enche o meio-campo com uma personalidade e uma capacidade apenas ao alcance dos predestinados. Num momento em que, na Europa, se chora a ausência do futebol de rua, o Mundial marca a sua estreia com bons exemplos do que serve para fazer crianças pelo mundo inteiro sonhar. Talvez em alguma rua jogue agora alguém que, daqui a uns anos, cumprirá o seu sonho.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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Neste momento, o debate sobre a Superliga é vendido como uma guerra entre gigantes em busca do controlo sobre o dinheiro gerado no futebol. Mas a guerra entre gigantes europeus terá as suas batalhas espalhadas por cada realidade nacional.

Nas Ligas mais importantes, são muitas as equipas que querem ver quebrado o limite de entradas por país, ambicionando ter mais conjuntos a beber desta fonte de patacas. Nas Ligas periféricas, onde Portugal se inclui, a Superliga poderá ser o elemento que virá quebrar uma construção, já de si muito frágil, de um quadro competitivo com o mínimo de equilíbrio. Caberá aos adeptos, sempre sedentos de milhões que tornem os seus clubes mais poderosos, intervir junto destes para compreender que aquilo que desejamos para o futebol pode servir de exemplo nefasto para o que desejamos para as nossas vidas.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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