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MPPM contesta participação de «embaixadores de Israel» na Volta a Portugal

A Israel Premier Tech Academy participa na 86.ª Volta a Portugal. Guy Niv, ciclista na equipa até 2022 e ex-atirador nas IDF, assumiu que «a nossa marca é Israel». «Levamos o nome de Israel para onde quer que vamos».

Apresentação do kit da equipa de ciclismo, Israel Premier Tech Academy, em 2023 
Créditos / velo101

A 86.ª Volta a Portugal em Bicicleta tem início esta quarta-feira, percorrendo os caminhos do país até ao dia 17 de Agosto. Com a participação de 110 ciclistas, em representação de 15 equipas, a inclusão da Israel Premier Tech Academy está a ser contestada por várias organizações e movimentos de defesa dos direitos do povo palestiniano.

Criada em 2014 com o objectivo de desenvolver a modalidade em Israel, o âmbito da equipa rapidamente mudou com a entrada do multimilionário israelo-canadiano Sylvan Adams. Hoje, considera o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), não passa de «um instrumento do branqueamento desportivo de Israel».

Embora Adams afirme que a equipa é «apolítica», o multimilionário assume que recebe financiamento do Estado de Israel através do Ministério do Turismo. Com mais franqueza, uma das figuras mais marcantes da Israel Premier Tech Academy, Guy Niv (primeiro israelita a participar na Volta a França), afirmou em 2021 que todos os atletas da equipa, tenham ou não nacionalidade israelita, são «embaixadores da nação. Não temos um patrocinador como as outras equipas, a nossa marca é Israel e levamos o nome de Israel para onde quer que vamos».

São estes «embaixadores» que vão disputar os 1581 quilómetros de estrada portuguesa, transportando e legitimando a bandeira de um país «que é responsável por um genocídio visando 2,3 milhões de palestinos em Gaza e por uma brutal ocupação militar da Cisjordânia, por um regime de apartheid e pela instauração de um regime de permanente conflito na região», acusa o MPPM.

E o apoio de Sylvan Adams ao genocídio do povo palestiniano é inegável. Em 2023, o alegado filantropo, assim descrito pela revista TIME, justificou o comportamento criminoso de Israel como uma luta do «bem contra o mal e da civilização contra a barbárie» e exigiu uma purga nas universidades ocidentais para expulsar todos os que manifestem solidariedade com a Palestina. O altruísmo multimilionário não se parece estender às dezenas de milhares de crianças assassinadas às mãos das forças de ocupação de Israel.

O MPPM lamenta que a União Ciclista Internacional (UCI) «não tenha tido reservas em acolher a equipa israelita nas grandes provas», às quais a Israel Premier Tech Academy só pode aceder através de convite. «A mesma UCI que suspendeu as equipas russas e bielorrussas e proibiu eventos da união na Rússia e na Bielorrússia» não tem pudor em receber, com pompa e circuntância, uma equipa em que chegam a participar antigos elementos das forças de ocupação de Israel, responsável por inúmeros crimes de guerra e contra a humanidade.

Em Junho de 2023, foi anunciado que a UCI iria realizar, a pedido de Sylvan Adams, uma competição de ciclismo «pela Paz» em Israel.

«Estes "embaixadores" não são bem-vindos a Portugal e são convidados indesejados na grande festa popular que é a Volta a Portugal em Bicicleta», defende o movimento, reiterando «a sua total solidariedade com o povo palestino» na sua luta pela liberdade e dignidade.

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