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MDM não aceita encerramento de urgências obstétricas

O Movimento Democrático de Mulheres (MDM) repudia o anunciado encerramento das urgências obstétricas nos hospitais do Barreiro, Setúbal e Vila Franca de Xira. É um «abuso de poder», critica. 

Créditosblankita_ua / Pixabay

A decisão de encerrar em definitivo as urgências obstétricas das três unidades hospitalares já tinha merecido o protesto da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que convocou uma paralisação para esta sexta-feira, dia de greve geral da Administração Pública. Solidário com a luta dos médicos, o MDM critica a intenção do Governo do PSD e do CDS-PP, comunicada como uma «reorganização», mas que na prática afasta as mulheres grávidas do acesso aos cuidados de saúde. O movimento considera num comunicado enviado ao AbrilAbril que esta medida, «gravíssima», representa «um abuso de poder». «Compromete a saúde materna e infantil, aprofunda as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde e expõe grávidas e bebés a riscos inaceitáveis», lê-se no documento. 

As críticas ao Executivo de Montenegro estendem-se à recusa da «adopção de medidas estruturais que visem o reforço e a valorização dos profissionais de saúde», aspecto evidenciado também pelos médicos, que rejeitam a proposta avançada pela ministra Ana Paula Martins, de um suplemento para clínicos que trabalham nas urgências. «Por 550 euros estão a obrigar um médico obstetra a ter que fazer 2 ou 3 urgências por semana de 24 horas... Isto não é compatível com uma vida profissional e uma vida pessoal e familiar», criticou recentemente Joana Bordalo e Sá.

Para o MDM, o encerramento definitivo das urgências obstétricas do Barreiro e de Setúbal (com concentração de serviços no Hospital Garcia de Orta, em Almada), e também de Vila Franca de Xira, na Área Metropolitana de Lisboa, é «o culminar de várias decisões anteriores, todas elas gravosas» para as grávidas. «A imposição de triagens telefónicas obrigatórias, a incerteza permanente sobre quais as maternidades que estão abertas e a falta de meios do INEM estão a empurrar mulheres para partos sem condições de segurança, privacidade ou apoio médico», critica. Só este ano já se registaram 154 partos em ambulâncias, em casa ou na via pública, devido ao encerramento das urgências. Para o MDM, este é um cenário «intolerável num País que, desde 1979, se orgulha de ter um serviço público de saúde, reconhecido durante décadas pela qualidade e universalidade dos cuidados». 

Ciente de que o «desmantelamento programado» do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem em vista «abrir caminho ao lucro dos grupos privados de saúde, cada vez mais implantados no território nacional», o movimento rejeita o que apelida de «narrativa da inevitabilidade» e aponta à existência de soluções, com «negociação, diálogo e vontade política para investir no SNS». 

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