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Marcelo Rebelo de Sousa, suportado pelo bloco central, foi reeleito à primeira volta. A segunda candidatura mais votada foi a de Ana Gomes, seguindo-se André Ventura, João Ferreira, Marisa Matias, Tiago Mayan e Vitorino Silva.

Em comparação com as anteriores presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa cresceu percentualmente quase tanto quanto a descida de Marisa Matias. Quanto a João Ferreira, a sua votação foi, em percentagem, ligeiramente superior à que a candidatura comunista obteve em 2016, o que deita por terra a tese de que o crescimento do candidato da extrema-direita se teria feito à custa dos comunistas.

Para a reeleição do actual Presidente da República certamente contribuiu o tratamento enviesado por parte da comunicação social, que ao longo do tempo veio colocando o candidato numa espécie de primeira liga, em detrimento de quase todos os restantes. A mesma comunicação social que, de forma desproporcionada e sensacionalista, colocou outras candidaturas com resultados que, afinal, não se vieram a confirmar.

Num contexto em que grande parte da campanha, em virtude das restrições impostas pelo surto da Covid-19, chegou aos portugueses através dos media, o impacto do tratamento dado às eleições, aliado a problemas reais que cresceram nos tempos mais recentes, teve consequências nos resultados apurados.

As questões centrais que estavam em disputa foram secundarizadas, tendo prevalecido, além da apologia do medo, o realce do acessório e dos faits divers, e a simplificação de problemas que têm na sua génese opções políticas erradas ao longo das últimas décadas. Os resultados destas eleições, que certamente serão esmiuçados nos próximos tempos, não podem deixar de considerar estas variáveis.