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Se estivéssemos numa guerra…

O papel que alguma comunicação social tem assumido desde o início da pandemia apenas serve para agigantar o medo e ignorar que a democracia não está, nem pode ser, suspensa. 

O Palácio de Belém, monumento nacional, é a residência do Presidente da República Portuguesa
CréditosOsvaldo Gago / CC BY-SA 2.0

As pérolas sucedem-se, uma após outra, e não vale a pena dizer que «a vida tem que continuar», se a toda a hora temos fazedores de opinião a dizer o contrário. Alguém nega o enorme aumento de casos e as consequências que daí advêm? De forma responsável, ninguém. Há um real compromisso com o que verdadeiramente interessa para travar o aumento das infecções? Temos dúvidas. Estão a ser feitos todos os esforços para que a «vida continue»? Certamente que não. Que o digam, entre outros, os trabalhadores da Cultura.  

Como habitualmente, a comunicação volta a ser o pilar do condicionamento que se pretende. Através dela sustenta-se o recolhimento das consciências e o medo, desde logo partindo da ideia de que estamos perante uma guerra. Pese embora as consequências desta malfadada associação se terem feito notar logo no início, com uma enfermeira em Itália a não aguentar a pressão de poder ter infectado outras pessoas, a comparação continua a ser vincada e a servir para tudo, até para demover a população do direito de ir votar. 

Isso mesmo voltou a acontecer ontem à noite na RTP2, com a directora do DN a afirmar que, «na verdade, isto é uma situação de guerra», acrescentando que, «se estivéssemos realmente numa guerra, com bombas, com bombardeamentos, dificilmente sairíamos de casa para ir votar». 

Mas alguém entende que estamos de facto num cenário de guerra? A jornalista insistiu dizendo que, «se estamos a comparar a pandemia a uma guerra» (quem?), «faz sentido pensar que não devemos sair de casa para ir votar».

O apelo à abstenção é apresentado na forma de um «paradoxo», porque, adianta, «os portugueses têm muita dificuldade em perceber» a combinação de confinar e de ir votar. Terão mesmo? 

Os portugueses vão sujeitar-se a um novo confinamento (é o que parece estar em preparação), mas não vão deixar de poder ir, por exemplo, ao supermercado. Alguém julga mais perigoso votar do que ir a um hipermercado, sobretudo desde que vigora a imposição do encerramento às 13h? Ou do que fazer uma viagem de metro? (E já não precisa de ser apenas na chamada hora de ponta.)

Desde o 1.º de Maio, com a saída à rua dos trabalhadores para denunciar que, também desta vez, as consequências da pandemia estavam a recair sobre eles de forma desigual, a estratégia tem sido dividir para reinar. 

A falta de rigor e a desvalorização da intervenção cívica, na tomada de decisão sobre o futuro do País, são adubo para o terreno populista que se parece querer fazer florescer. Exercer o direito de voto exige tão só o assegurar das medidas necessárias para que o acto decorra com a máxima segurança. Porque, felizmente, não é de uma guerra que se trata.

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