Foi o tema mais falado porque era o tema com menos substância. A táctica é velha e o Governo sabia-o. Colocou um espantalho nos holofotes com o objectivo de desviar as atenções para o mesmo. Assim conseguia que a discussão não se focasse no essencial do Orçamento do Estado, somente no lateral.
A insuflada polémica aconteceu porque foi anunciado a subida no IUC para os carros anteriores 2007 e para motos, para alegadamente incorporar o impacto das emissões de CO2 que já é cobrada no imposto aplicado aos veículos matriculados depois dessa data.
Se para o Governo esta medida, cumprindo um objectivo político, era útil, para a direita era agradável e assim juntavam o melhor dos dois mundos. A direita, não conseguindo criticar as opções de fundo inscritas no Orçamento do Estado, aproveitou a deixa oferecida pelo Governo e cavalgou a única hipótese que tinha para aparentar discordâncias.
Com isto, a par de uma forte campanha mediática que provocou alguma indignação popular, o PS apresentou ontem, no meio de algumas propostas de alteração ao Orçamento do Estado, a retirada da «polémica» proposta.
Segundo a nota explicativa que anexava o anúncio das propostas de alteração, os PS alega que «o veículo ligeiro é em muitos casos a principal forma de deslocação para o trabalho», principalmente fora dos grandes centros, como é o caso de Lisboa e do Porto, «onde a oferta de transportes públicos é reduzida e desadequada às necessidades diárias de mobilidade». A par disto alega que existe um elemento de «justiça social e proteção dos cidadãos com maior vulnerabilidade económica».
Isto significa apenas que tanto o PS como o Governo sempre souberam o que significava o aumento do IUC, mas deu jeito centrar a discussão no mesmo. Com eleições à vista, com a necessidade de esvaziar a aparente discórdia com a direita, o PS dá este passo, que sempre daria, não existisse uma busca incessante pela popularidade.
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