Pelo segundo mês consecutivo a inflação voltou a subir. Quem o confirma é o Instituto Nacional de Estatística que divulgou os dados relativos ao mês de Agosto. De acordo com o relatório apresentado, a inflação fixou-se nos 3,7%, uma subida de 0,6 pontos percentuais relativamente a Julho passado.
Segundo o documento explicativo, a aceleração verificada deve-se essencialmente ao comportamento dos preços dos combustíveis, que contribuíram em 0,7 pontos percentuais para o aumento da variação homóloga do índice de preços no consumidor.
De acordo com os dados, a variação mensal do IPC foi 0,3% (-0,4% no mês precedente e -0,3% em agosto de 2022) e a variação média dos últimos doze meses diminuiu para 6,8% (7,3% em julho). Já a variação média dos últimos doze meses do IPC sem habitação, referência para a atualização de rendas no próximo ano, fixou-se em 6,9% (6,94%) em Agosto, ficando assim confirmada grave crise habitacional.
Na tabela abaixo pode-se ver que as principais contribuições para a variação mensal do IPC total a um nível mais desagregado. Nesta linha identifica-se que o que teve maior peso para o aumento do IPC foi o Gasóleo; os Hotéis, motéis, pousadas e serviços de alojamento similares; a Gasolina; a Fruta fresca ou frigorificada; e o Azeite.
Recorde-se que no caso dos combustíveis, a Maio de 2022, sob proposta do Governo, foi reduzido o adicional do ISP de modo a fazer baixar o preço dos combustíveis. Tal medida foi aprovada com votos a favor de PS, do PSD, da Iniciativa Liberal, do Bloco de Esquerda e Livre.
O PCP, que se absteve, foi dos partidos mais vocais e à data, o deputado Bruno Dias justificou o voto dizendo que «as medidas que se limitem apenas a comparticipar um desconto no preço final, seja qual for o preço final que as petrolíferas imponham no mercado liberalizado, são medidas que significam na verdade um subsídio ao lucro das petrolíferas, nem sequer existe a garantia de que esse desconto, financiado pelo Estado, corresponde integralmente à diminuição que se pretende no preço final».
Os comunistas ainda hoje defendem a redução dos impostos sob os consumidores na medida em que são impostos regressivos e que penalizam a poupança das famílias, mas defendem a tributação daqueles que acumulam os lucros, como é o caso das petrolíferas. A verdade é que o Governo optou por seguir a via neoliberal e os resultados estão à vista: depois de uma redução dos preços, as petrolíferas, não tendo sequer os preços tabelados, estão novamente a aumentar os combustíveis e a absorver para si o que corresponderia ao adicional do ISP.