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As previsões da Reserva Federal norte-americana indicavam que por esta altura a inflação iria fixar-se nos 2%, algo que falhou já que em Maio encontrava-se nos 4%. Apesar disto existe uma redução na inflação nos últimos 11 meses e a instituição que regula os bancos centrais dos Estados Unidos irá, para já, colocar em pausa o aumento dos juros e mantê-los estáveis nos 5,00% a 5,25%. 

Há duas razões para esta travagem: a primeira é que a Reserva Federal quer ver como se comporta a economia e ver se a inflação continua a manter o ritmo descendente; a segunda razão, dada a natureza de classe da instituição, prende-se com o facto dos bancos terem visto a concessão de empréstimos a abrandar - e a procura de empréstimos a diminuir - à medida que as taxas de juro têm vindo a subir. Apesar disto, os especuladores fazem já apostas para novos aumentos, até porque nunca foi dito que os juros não voltarão a subir e isso seria do seu interesse. 

Enquanto que a política da Reserva Federal foi seguir o exemplo dos bancos centrais australiano e canadiano, já na velha Europa, o BCE parece não acompanhar essa tendência, mesmo assistindo-se a uma redução da inflação na zona euro. A título de exemplo, em Maio Portugal registou uma inflação de 4% e Espanha 3,2% e na Zona Euro 6,1%. 

Mesmo com estes elementos em conta, o BCE, que já subiu as taxas de juro sete vezes desde Julho do ano passado, em Maio subiu as taxas de juro directoras e a taxa central de refinanciamento aumentou dos 3,5% para 3,75%. Sendo certo que a inflação nos EUA é mais baixa que na zona euro e os juros são mais baixos, o BCE irá assentar toda a sua avaliação num cego exercício de econometria e procurará meramente replicar a receita americana, como já se avizinha.  

Enquanto o BCE mantém a linha de punir quem vive dos rendimentos do seu trabalho e faz com que a Euribor suba, um inquérito da Eurofound - a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho revelou que 10% dos portugueses temem não conseguir pagar a casa, um número que fica acima da média europeia que se encontra nos 6%. No mesmo estudo, vem a indicação que 59% das famílias consideram «muito improvável» terem de sair das suas habitações, algo que poderá até parecer positivo, mas é o quarto valor mais baixo no quadro da UE. No mesmo sentido, apenas 55% consideram pouco provável que possam vir a ter problemas para enfrentar as despesas correntes da casa.