As palavras de Ana Paula Martins, ministra da Saúde, parecem dar a entender que esta visa tapar o sol com a peneira. Quando o necessário seria munir o INEM de ferramentas para dar uma resposta capaz de atempada, a ministra procura subterfúgios para evitar o que é imperioso.
Durante a Comissão da Saúde que decorreu ontem na Assembleia da República, Ana Paula Martins voltou a insistir na tese da «refundação» do INEM. «Alterar de forma profunda o funcionamento», foi esta a expressão utilizada pela ministra que aponta baterias à alteração da lei urgência deste serviço de urgência.
Na comissão, a ministra deu a conhecer que o INEM dá resposta a menos de 10% do total da actividade e que externaliza 93% da sua actividade. Estes números revelam a total incapacidade que existe, mas para a ministra a solução não passa por capacitar a instituição.
Para Ana Paula Martins a solução está na «rentabilização», o que passa por aumentar o número de vogais do conselho directivo do INEM e do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), incluir na comissão científica do INEM um representante da Liga Portuguesa dos Bombeiros e da Cruz Vermelha e criar também uma comissão técnica independente para estudar a resposta em emergência médica.
Claro está que expressões como «aumento de investimento» não constam no léxico da ministra que vê o recurso à inteligência artificial como uma solução para agilizar a resposta do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).
A questão é que, para além da inteligência artificial e alterações na direcção, tudo o resto parece manter-se. Ausente de toda a narrativa da tutela parece estar a contratação de mais técnicos especializados para o serviço de urgência e de mais meios físicos que melhorem a capacidade de resposta sem recurso à externalização.
Foi hoje tornado público que o Governo chegou a acordo com os técnicos de emergência pré-hospitalar. Em comunicado, o ministério da Saúde e o ministério das Finanças dão conta que a valorização da carreira corresponde a três níveis remuneratórios, já em janeiro de 2025. A medida positiva peca, no entanto, por escassa, dada as lacunas que existem e para as quais não há sinais de resposta.
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