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Maternidades encerradas, mas ministra diz que mortalidade infantil é culpa de outros

Ana Paula Martins que disse na Assembleia da República que os problemas do SNS não se resolvem com mais dinheiro é a mesma ministra da Saúde que o aumento da mortalidade infantil deve-se à falta de investimento dos seus antecessores. 

CréditosAndré Kosters / Agência Lusa

«Não precisamos de atirar mais dinheiro para cima do sistema para ter menos resultados, que foi o que fizemos durante oito anos e isso não vamos fazer». Foi isto que Ana Paula Martins disse a 12 de Fevereiro deste ano, quando se deslocou à Assembleia da República participar numa audição sobre o alegado uso abusivo do SNS por estrangeiros.

A ministra da Saúde disse-o para justificar a entrega de unidades de saúde aos grupos económicos do negócio privado da doença. Com este argumento, Ana Paula Martins procurava vender a ideia que o problema não estava na suposta falta de financiamento, mas sim no modelo de gestão. 

Acontece que hoje soube-se que a mortalidade infantil subiu 20% num ano marcado por urgências fechadas. Segundo os dados, a taxa de mortalidade infantil em Portugal subiu de 2,5 por cada mil nascimentos, em 2023, para 3,0 em 2024. 

Contratada por jornalistas, Ana Paula Martins justificou agora os números com falta de investimento dos antecessores. A ministra do Governo AD que dizia que o problema do SNS não era a falta de investimento e que o aumento deste nada resolve, alude agora ao subfinanciamento feito por outros, para sacudir todas as suas responsabilidades. 

«Ninguém pode dizer hoje que não está relacionado, mais do que com as urgências [encerradas], com a diminuição, nos últimos anos, daquilo que tem sido o investimento que precisamos de fazer, concretamente, no sistema público, na área materno-infantil», afirmou Ana Paula Martins, à margem das comemorações do Dia Internacional do Enfermeiro, no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real.

O problema é que a sua governação tem sido acompanhada de vários serviços de urgências fechados, nomeadamente maternidades, isto depois das promessas da AD de resolução dos problemas do SNS rapidamente com diversos planos. 

Não deixa de ser caricato que quando se sabe que foi Governo da coligação PSD/CDS-PP que a mortalidade infantil aumento e pode ter um correlação com o número de urgências fechadas, que o programa eleitoral da AD estipula como meta colocar o sistema de saúde português entre os dez melhores do mundo, em 2040, de acordo com vários indicadores internacionais, estando a «mortalidade infantil» como um deles.
 

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