Hospitais privados reencaminham para o SNS doentes com cancro que ficam sem dinheiro

O número de doentes que os hospitais privados enviam para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a aumentar e a criar problemas de funcionamento aos hospitais públicos.

Por ano há 50 mil novos casos de pessoas com cancro
CréditosIvendrell / CC BY-SA 3.0

Os hospitais privados deixam de tratar doentes com cancro que ficam sem dinheiro ou sem plafond no seguro, reencaminhando-os para o Serviço Nacional de Saúde. O presidente do conselho de administração do Instituto Português de Oncologia (IPO), Francisco Ramos, pediu agora um parecer sobre o assunto à Entidade Reguladora da Saúde (ERS), segundo o Público.

Francisco Ramos afirma que o IPO de Lisboa «está a trabalhar no limite das suas possibilidades», pelo que estas situações podem atrasar o início do seu tratamento, o que representa uma «violação do ordenamento de listas de espera».

«Suscitámos esta questão junto da ERS porque achamos que merece uma reflexão global. Pedimos à ERS que se pronuncie e promova uma discussão sobre como é que esses casos devem ser tratados. Não se questiona o direito de os doentes acederam ao SNS, o problema é que não têm a informação completa. Com demasiada frequência, chegam a um momento em que ou não têm dinheiro ou acabou o plafond do seguro, e são “despejadas”», salienta ainda Francisco Ramos.

O Público também reproduz as declarações de Nuno Miranda, director do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, que refere ter recebido «queixas, de forma informal, de doentes que afirmam estar uma situação de “ruína financeira” associada a tratamentos em instituições privadas». Avança ainda que actualmente são 50 mil os novos casos de cancro que surgem no país.

O reencaminhamento de doentes que ficam sem dinheiro não é de agora e representa, juntamente com os plafonds dos seguros e os contratos individuais (que podem ser rescindidos pelas companhias ao fim de um ano), mais um de vários aspectos do negócio da saúde privada.

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