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Debate parlamentar sobre o conflito russo-ucraniano: a guerra não é solução

O posicionamento da Rússia, enquanto país capitalista, é, no essencial, determinado pelos interesses das suas elites e dos detentores dos seus grupos económicos.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, participa na reunião da Comissão Permanente da Assembleia da República para discutir a situação na Ucrânia, em cujo território a Rússia desencadeou hoje uma ofensiva militar. Lisboa, 24 de Fevereiro de 2022
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, participa na reunião da Comissão Permanente da Assembleia da República para discutir a situação na Ucrânia, em cujo território a Rússia desencadeou hoje uma ofensiva militar. Lisboa, 24 de Fevereiro de 2022CréditosMário Cruz / LUSA

Apesar disso, e independentemente de os orçamentos militares dos países da NATO serem cerca de dez vezes superiores ao da Rússia, cujo povo conheceu ao longo da história colossais agressões, não é expectável que Putin venha a aceitar ter o inimigo acampado nas suas fronteiras ou que este lhe faça um cerco militar, nomeadamente por via de um ainda maior alargamento da NATO.

Esta foi uma das ideias que passou pelo debate sobre o conflito na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, realizado esta quarta-feira durante a reunião da Comissão Permanente da Assembleia da República, uma ideia defendida por João Oliveira, que expressou também «profunda preocupação com os desenvolvimentos da escalada de confrontação política, económica e militar e com os riscos sérios que comporta essa confrontação». O ainda líder parlamentar do PCP sublinhou, por um lado, que a situação «não é um problema entre russos e ucranianos nem apenas uma disputa por território ou demarcação de fronteiras» e que uma nova guerra na Europa «não serve aos ucranianos nem aos russos e tampouco serve aos restantes povos europeus», mas sim aos Estados Unidos e ao seu complexo industrial-militar. Por outro, que o Governo português deve procurar ter uma intervenção no sentido de contrariar «a escalada de confrontação política, económica e militar» e de contribuir uma solução negociada que garanta a paz, «desde logo recusando envolver militares portugueses em operações que contrariam esses objectivos».

Neste debate da Comissão Permanente da Assembleia da República sobre Política Sectorial e com a participação do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva alertou para a necessidade de os países ocidentais e os membros da NATO estarem preparados «para todos os cenários», trabalhando ao mesmo tempo no plano da defesa e no das sanções económicas e financeiras à Rússia. O ministro considerou ainda que a acção de Vladimir Putin excedeu as suas próprias palavras.

Por seu lado, a presidente do Grupo Parlamentar do PS caracterizou a acção militar russa como «ilegal e gravíssima», cujo alvo, segundo Ana Catarina Mendes, «é a paz, a estabilidade e a segurança na Europa».

Quanto a Rui Rio, o ainda presidente do PSD defendeu na reunião que Portugal deve assumir os seus compromissos com a NATO, considerando que o alvo da ofensiva russa não é apenas a Ucrânia, mas também «a estabilidade da Europa e de toda a ordem internacional».

O BE, pela voz do seu líder parlamentar, considerou inaceitável «a invasão da Ucrânia pela Rússia». Pedro Filipe Soares defendeu um cessar-fogo imediato, a «retirada das forças russas de território ucraniano» e a punição da Rússia «com sanções fortes que afectem directamente a oligarquia russa e a elite do país».

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