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A próxima segunda-feira, 25 de Janeiro, é a data prevista para o encerramento dos centros de distribuição postal (CDP) de Vilar Formoso e Sabugal, no distrito da Guarda, e de Monchique, no Algarve.

A estratégia de encerramento dos CDP – locais onde a correspondência é concentrada para ser posteriormente distribuída pelos carteiros nos seus giros –, com base em razões economicistas, tem contado com a cumplicidade do Governo e dos partidos que, na Assembleia da República, insistem em defender a gestão privada dos CTT, nomeadamente PS, PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal e Chega. Mas também de eleitos autárquicos do PS e do PSD, que apenas se têm pronunciado quando se vêem confrontados com encerramentos nos respectivos municípios. 

Entretanto, há consequências negativas para trabalhadores e utentes, que desde o processo de privatização têm criticado a degradação do serviço e reivindicado o seu regresso à esfera pública. O aumento da distância a percorrer pelos trabalhadores é uma das mais visíveis, dessa forma atrasando ainda mais a distribuição postal.

A par da degradação das condições para os utentes, que passam a receber mais tarde a sua correspondência, degradam-se condições de trabalho e remuneratórias, havendo um aumento do tempo e da distância a percorrer nas deslocações de casa para o CDP, e deste para os locais onde se realizam os giros.

O fecho de centros de distribuição em regiões do Interior, como são os casos de Vilar Formoso e do Sabugal (que passam a estar concentrados na Guarda) é mais um contributo para o longo processo de desertificação, abandonando as regiões menos densamente povoadas.

A situação é agravada no quadro da pandemia, visto que a concentração de trabalhadores em espaços menores contribui para aumentar o risco que já enfrentam para manter o serviço postal a funcionar. 

Somar distâncias e deslocações. E o ambiente?

Enquanto suspendia o processo de encerramento das estações de correio, perante a forte luta das populações, a administração dos CTT deu lume ao processo de concentração dos CDP.

Desde o passado mês de Setembro, foram encerrados os centros de Montemor-o-Velho e de Condeixa-a-Nova, que passaram a estar concentrados em Coimbra, e também os de Nisa, Mação e Idanha-a-Nova, que transitaram para a sede de distrito (Castelo Branco). Desde então, também o CDP de São João da Pesqueira (Viseu) fechou portas, e o trabalho concentrado em Alijó, no distrito de Vila Real, a uma distância de cerca de 40 quilómetros.  

Refira-se que, nos casos de Montemor-o-Velho e de Condeixa-a-Nova, a estratégia economicista de concentrar serviços já lhes tinha agregado os CDP de Soure e de Penela, respectivamente. Antes destes, foram encerrados CDP, um pouco por todo o País, designadamente nas localidades de Celorico da Beira, Almeirim, Alter do Chão, Monforte e Avis.

Relativamente aos que têm fecho anunciado para a próxima segunda-feira, o CDP de Monchique será concentrado em Portimão, prevendo-se um aumento mensal da distância percorrida de 3300 quilómetros. No caso dos CDP de Vilar Formoso e do Sabugal, que passam a estar concentrados na Guarda, o aumento da distância mensal percorrida é de mais de 10 500 quilómetros. 

Aos milhares de quilómetros a mais que os trabalhadores passam a ter de percorrer, além do incremento da penosidade associada à profissão de carteiro, associa-se a questão ambiental, sempre invocada pelo Governo, mas apenas quando é para liquidar o aparelho produtivo nacional