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CP: Governo faltou à palavra com os trabalhadores e Pinto Luz insulta grevistas

Para criar um pacote de 10 mil milhões de ajudas às grandes empresas a AD agiu prontamente. Agora, para satisfazer as necessidades dos trabalhadores da CP, Miguel Pinto Luz diz que «o Governo está em gestão» e acusa a greve de ser «política» por ser realizada em período eleitoral.

CréditosAntónio Pedro Santos / Lusa

Depois de andar desaparecido, Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação, voltou à cena mediática para insultar os trabalhadores da CP. Num dia em que a greve na CP teve uma adesão de 100%, segundo a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), o responsável pela tutela optou por insultar grevistas com insinuações. 

Esquecendo-se que em gestão o Governo anunciou um pacote de 10 mil milhões de euros em resposta às tarifas americanas, criado após a pressão das confederações patronais, Miguel Pinto Luz disse agora que neste igual período e condições, o Executivo PSD/CDS-PP não pode aceder às reivindicações dos trabalhadores. «A lei é para cumprir neste país, vivemos num Estado de direito», disse o ministro para esconder a falta de vontade para responder ao exigido pelos sindicatos. 

À greve na CP aderiram 14 sindicatos motivados pela desvalorização salarial imposta pelo Governo. Conforme o AbrilAbril noticiou, os trabalhadores exigem a implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais «nos termos em que foi negociado e acordado», assim como a abertura de concursos internos para chefias intermediárias de várias categorias, bem como o reforço de pessoal.

É o Governo, em suma, o Governo que parece estar em falta com os trabalhadores, mas Pinto Luz diz que os sindicatos «sabem» a impossibilidade do Executivo de satisfazer as reivindicações, indo até mais longe: «os sindicatos sabem porquê marcaram a greve nesta altura. É uma greve política», acusou o ministro. 

Para quem podia achar que a hostilização era um lapso, Pinto Luz disse prontamente «eu meço bem as palavras» e continuou as acusações, dizendo que a greve «só serve os sindicatos», que «não serve os interesses da CP» e que «não serve os interesses dos trabalhadores da CP». 

Estas declarações dadas aos jornalistas terminaram com um grito de guerra. «Este Governo não cede a pressões», afirmou Miguel Pinto Luz visivelmente irritado e notoriamente desagradado com o direito à greve. Percebe-se agora a desvalorização que o Governo quis fazer do 25 de Abril e do Dia do Trabalhador, neste último dia com a realização do evento «São Bento em Família» com a actuação de Tony Carreira na residência oficial do primeiro-ministro. 

À Lusa, José Manuel Oliveira, dirigente da Fectrans, disse que «o ministro em vez de andar a fazer discursos públicos, devia ter, de facto, maleabilidade para discutir e não chegar a uma reunião e dizer “é isto ou nada”, isto não é uma posição de negociação». 

O sindicalista disse ainda que «o ministro tem de ter em conta que nós estamos a reivindicar um acordo que foi feito e, até nas palavras dele, sustentado nas posições do ministério. Esse acordo foi feito no dia 24 de abril, não se percebe porque é que dois dias depois, a CP diz que não o pode aplicar porque não tem aval do ministro». 

Entre os partidos, quem já reagiu foi o PCP pela voz de Paulo Raimundo. Questionado pelos jornalistas sobre a greve da CP, o secretário-geral dos comunistas disse que «todas as consequências negativas que [a greve] tem na vida das pessoas, na movimentação, na mobilidade, tudo isso é da única responsabilidade do Governo». 

Relativamente às declarações do ministro das Infraestruturas, Paulo Raimundo considerou-as «vazia de sentidos» e deixou um conselho: «em vez de perder tempo em fazer campanha eleitoral», deveria «fazer hoje aquilo que não fez ontem, nem anteontem, nem noutro dia, nem neste ano todo, que é resolver os problemas de quem trabalha na CP».

Já o Chega, revelando sempre o que é, ao invés de ficar do lado dos trabalhadores, de forma oportunista, optou por acusar o Governo de incompetência por causa da greve da CP e exigiu a privatização da empresa.

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