Parece ser vontade de todos os partidos com assento na Assembleia da República que haja uma Comissão de Inquérito ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). A proposta é avançada pela Iniciativa Liberal, no entanto, apesar da vontade comum, cada partido parece ter motivos diferentes para apurar responsabilidades políticas.
O PSD, por via de Higo Soares, avançou que se iria abster. «É preciso dizer ao PS que core de vergonha antes de falar no INEM. O PS, durante oito anos, abandonou o INEM em Portugal. E nós, num ano, não só voltamos a relocar recursos, como estamos a contratar gente e estamos a pôr em ordem uma casa que o PS tinha abandonado», adiantou o líder parlamentar do PSD, numa clara tentativa de ilibar o seu Governo e ministra.
Também o PS disse não se opor à Comissão de Inquérito, mas também no sentido de desviar as atenções da sua responsabilidade: «não queremos que uma comissão de inquérito desvie as atenções do essencial e o essencial é saber o que é que o senhor primeiro-ministro pensa disto, um ano depois de ter anunciado planos que falharam», disse Maria Antónia de Almeida procurando apagar a responsabilidade que o seu partido tem.
O PCP disse acompanhar a Comissão de Inquérito, mas coloca a questão onde deve ser colocada, ou seja, na responsabilidade política para a situação em que o INEM chegou. Aos jornalistas, Paula Santos diz que «há sobretudo uma questão de falta de resposta por parte do Governo em garantir ao INEM os meios que são necessários». «Não é admissível, como está a acontecer neste momento, que há meios que estão inoperacionais por falta de trabalhadores. Assistimos também ao recurso abusivo ao trabalho extraordinário para assegurar que aquilo devia ser assegurado com trabalhadores contratados», afirmou a líder da bancada parlamentar comunista.
No mesmo sentido está o Bloco de Esquerda que considera que a Comissão de Inquérito pode ser importante para compreender a «sucessão de incompetências que são partilhadas entre vários serviços e que têm uma ministra em comum, que é a ministra da Saúde». Mariana Mortágua volta, porém, a centrar o problema na ministra e não nas políticas e no Governo como um todo.
A votação irá decorrer na próxima sexta-feira, mas ao que parece, a proposta dos liberais será aprovada e dificilmente as posições dos partidos serão alteradas, podendo sempre haver mudanças na vigésima quinta hora, o que já é normal na práxis parlamentar da direita.
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