Caixabank com luz verde no BPI

Na entrevista ao programa Conversa Capital, da Antena 1, transmitida ao início da tarde deste domingo, Tiago Violas Ferreira anunciou a muito provável saída da Violas Ferreira Financial do capital do BPI e lamentou a nova maioria parlamentar. 

Tiago Violas Ferreira
Créditos / Económico

Ao longo de quase uma hora de programa foi abordada a posição do último grupo financeiro português, com uma participação qualificada (acima de 2%) no capital no BPI, e os «esforços» empreendidos para travar a entrega do controlo do banco a centros de decisão situados no exterior do país.

O administrador da holding, Tiago Violas Ferreira, reiterou várias vezes «que os 2,7% que detemos (Violas Ferreira Financial) no capital do BPI não dão para mais» e que o futuro da instituição, com a desblindagem dos estatutos, deverá passar pela concretização da OPA dos espanhóis do Caixabank. Assim, lamentou o insucesso das tentativas para «seduzir vários investidores internacionais para tomarem posições no BPI, se isso servisse para manter uma estrutura accionista mais diversificada, que mantivesse o centro de decisão em Portugal».

De seguida alertou para o perigo desta situação, das responsabilidades do BCE e da tendência, também nos outros bancos privados, para o seu controlo a partir do estrangeiro, referindo que poderá ser mais difícil a obtenção de crédito pelas empresas portuguesas, «uma vez que, nesta decisão, não é indiferente a decisão ser tomada em Portugal, ou noutro país».

O que ficou por perguntar e explicar foram as razões que levaram ao crescente controlo por grupos económicos e financeiros das principais empresas e sectores estratégicos para o país, sendo que na génese do BPI estava uma estrutura «accionista bastante diversificada, composta por cerca de cem empresários e empresas nacionais, com forte incidência no norte do país. É o caso, por exemplo, de Américo Amorim, Manuel Gonçalves, Arlindo Soares de Pinho, Fernando Guedes, Salvador Caetano, Álvaro Leite, Ilídio Pinho e João Macedo e Silva, entre muitos outros.» ( Público, de 3 de Março de 2016).

Neste, como noutros casos (PT, EDP, TOTTA, BCP), uma das fortes garantias que foram referidas nos processos de privatização – de que os centros de decisão se manteriam em Portugal – revelaram-se um autêntico logro, com pesados e crescentes prejuízos económicos, financeiros e sociais para o país, os trabalhadores e a população.

Ao mesmo tempo que referiu que o preço da OPA do Caixabank nunca foi o motivo das duas providências cautelares apresentadas, admitiu que o preço de 1,11 euros por acção só tem em consideração a operação em Portugal e não contempla a operação internacional. No total, o encaixe financeiro poderá ser superior a 43 milhões de euros.  

A fechar a entrevista, Tiago Violas Ferreira debruçou-se sobre a situação política nacional. O banqueiro lamentou o rumo empreendido pela actual maioria na Assembleia da República e manifestou o seu desejo de rápido regresso da política imposta ao longo da última década, interrompida com o resultado das eleições de Outubro de 2015.

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