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Ex-ministro dos tempos da troika indicado para governador do Banco de Portugal

Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia e Emprego do governo da troika que promoveu a redução das indemnizações por despedimento, a facilitação dos despedimentos individuais, e o corte de feriados e dias de férias, é o nome escolhido para governador do Banco de Portugal. 

CréditosJosé Coelho / Lusa

Como assinalou o Expresso num texto assinado por David Dinis, há duas semanas Álvaro Santos Pereira dizia-se «muito feliz na OCDE». Questionado sobre o papel do Banco de Portugal disse: «Para os bancos centrais terem impacto e serem garantes da estabilidade financeira, bancária e de preços tem de haver independência. Portanto, para mim o mais importante é que o Banco Central seja independente do poder político. O Banco Central não pode ser político, tem de ser independente e técnico». 

Talvez tenha sido pela sua visão, uma óptica que mantém o Banco de Portugal uma mera sucursal do Banco Central Europeu, reflexo da subordinação do país aos ditames da União Europeia, que Álvaro Santos Pereira foi a escolha do Governo para assumir a tutela do banco central da República Portuguesa. 

O anunico foi feito hoje por António Leitão Amaro na sequência da reunião do Conselho de Ministros e, deste modo, o Governo volta a ir buscar uma personalidade dos tenebrosos tempos da troika para continuar o trabalho que foi interrompido em 2015. Apesar de Álvaro Santos Pereira apenas ter sido ministro entre 2011 e 2013 e ter abandonado o cargo após uma crise governativa provocada no seio do governo com um desentendimento entre Passos e Portas após nomeação de Maria Luís Albuquerque para a pasta das Finanças, o seu nome está associado às medidas mais negativas aplicadas durante a legislatura de então. 

Foi sob a sua tutela ministerial que se deu a redução das indemnizações por despedimento, de 30 dias por ano de trabalho para 20 dias (mais tarde até 12 dias em novos contratos; facilitaram-se os despedimentos individuais; aumentou-se temporariamente o horário de trabalho, com acordo entre trabalhador e empresa; e cortaram-se feriados e dias de férias.

No pós-governo, Álvaro Santos Pereira passou a ter funções na OCDE. Primeiro como director da Country Studies Branch do Departamento de Economia da instituição, depois como economista-chefe, e até agora como responsável pelo gabinete de Estudos Políticos no Departamento de Economia. 

Os ex-ministro de Passos e Portas, ao que tudo indica, vai substituir Mário Centeno que, enquanto governador do Banco de Portugal, andava a provocar incómodo ao Governo por divulgar previsões abaixo das projecções avançadas pelo Executivo de Luís Montenegro, nomeadamente o facto de os excedentes orçamentais estarem prestes a acabar. 


 

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