|especulação financeira

Brisa: os lucros são privados mas os prejuízos são para todos

«O valor das portagens deverá aumentar, e com algum significado, no próximo ano», informa o CEO da Brisa, e antigo ministro passista, Pires de Lima. 91,8 milhões de lucro não impedem aumento para os utentes.

António Pires de Lima, presidente do conselho de administração da Brisa, com Nuno Melo, actual presidente do CDS-PP, em 2019 
CréditosAntónio Pedro Santos / Agência Lusa

A Brisa Concessão Rodoviária, empresa que faz a gestão das principais autoestradas em Portugal, registou, no primeiro semestre de 2022, lucros de 91,8 milhões de euros, o que representa uma subida de 76,4%  face aos 52 milhões apurados no mesmo período do ano passado. Em 2019, antes da pandemia, os resultados líquidos representaram um aumento de 10,2%.

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Pires de Lima e Sérgio Monteiro entram no negócio das telecomunicações

Os governantes que acompanharam a venda da PT à Altice entraram na compra das antenas da transnacional francesa. Pires de Lima e Sérgio Monteiro associaram-se ao gigante da finança Morgan Stanley.

Sérgio Monteiro (esquerda) e António Pires de LIma (direita) partilharam responsabilidades governativas entre 2013 e 2015.
CréditosMiguel A. Lopes / Agência LUSA

Os dois membros do governo de Passos Coelho integram o conselho de administração da Horizon Equity Partners, que com o banco de investimento Morgan Stanley comprou a rede de torres de telecomunicações da Altice em Portugal, a troco de 660 milhões de euros.

Ambos tutelavam o sector das telecomunicações quando a PT foi comprada pela Altice: António Pires de Lima como ministro da Economia e Sérgio Monteiro como secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações.

Monteiro, que viria a ser contratado pelo Banco de Portugal para assessorar a entrega do Novo Banco ao fundo abutre Lone Star, foi um dos principais protagonistas das privatizações levadas a cabo pelo anterior governo. Foi o seu gabinete que conduziu a entrega de empresas como a ANA, os CTT, a TAP, a CP Carga e outros processos que acabaram por ser revertidos com a derrota do PSD e do CDS-PP nas eleições de Outubro de 2015, como dos transportes urbanos de Lisboa e Porto.

A venda do património da antiga PT está relacionada com a situação financeira do grupo Altice, cuja expansão (nomeadamente em Portugal) foi feita assente em volumes enormes de endividamento.

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Atrás dos lucros vêm lucros e outros lucros hão-de vir. Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Pires de Lima, antigo ministro da Economia do Governo PSD/CDS-PP de Pedro Passos Coelho e actual presidente do conselho de administração da Brisa, assumiu a necessidade, irrevogável, de aumentar especulativamente os preços aos utilizadores das autoestradas portuguesas.

«As portagens estão directamente relacionadas com a inflação, é o indicador de inflação em Outubro que vai determinar o valor das portagens», mas há sempre uma alternativa: se não for o utilizador a pagar directamente à Brisa, podem sempre ser os contribuintes a financiar os lucros da empresa.

Os preços só não aumentarão se o Estado mostrar «abertura para encontrar mecanismos que compensem a Brisa desse aumento e o possa diluir no tempo, ou inclui-lo no grupo de trabalho de renegociação da concessão».

Não será de espantar que a administração da Brisa, sob a direcção de Pires de Lima, adira à velha máxima neoliberal: Os lucros são privados e os prejuízos são de todos. É apenas mais um caso em que, a reboque da escalada inflaccionista, as empresas se aproveitam do contexto económico para arrecadar ainda mais lucros e dividendos. Em quem paga é toda a população.                                                               

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