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Avanços na Declaração da ONU sobre Direitos dos Camponeses precisam de outra política

A CNA congratula-se com criação de um grupo de trabalho para implementar a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Camponeses, mas diz que só pode haver avanços com uma política diferente.

Em discussão no 2.º Fórum Nyéléni Europa estará a construção da soberania alimentar
Créditos / CC BY-SA 4.0

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) saúda a decisão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, de criar um grupo de trabalho independente para a implementação da «Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Camponeses e outras pessoas que trabalham em zonas rurais» (UNDROP, na sigla em inglês). Espera, no entanto, que no desenho das políticas públicas nacionais para o sector, o Governo português «actue em conformidade com a posição que tem assumido internacionalmente», afirma num comunicado.

A par de promover a divulgação e uma implementação eficaz e abrangente da Declaração das Nações Unidas, o grupo de trabalho terá como funções identificar objectivos e lacunas na sua implementação a nível nacional, regional e internacional e promover boas práticas, recolhendo informações, contribuindo para a assistência técnica e o reforço de capacidades, e fazendo recomendações ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

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CNA denuncia entraves à candidatura ao Plano Estratégico da Política Agrícola Comum

Legislação por publicar, formulários de candidatura que não existem ou não funcionam e prazos que não são cumpridos são alguns dos «graves problemas» denunciados pela Confederação Nacional da Agricultura.

Créditos / Pixabay

Foi esta segunda-feira, em mais uma reunião da Comissão de Acompanhamento do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) reiterou a sua perplexidade perante a situação que se vive e disse não à proposta de reprogramação do PEPAC, apresentada pela tutela. 

A Confederação explica num comunicado que, nesta campanha de recepção de candidaturas «já aconteceu de tudo um pouco». «Legislação por publicar, formulários de candidatura que não existem ou não funcionam, substituição de formulários por e-mails, centenas de questões sem resposta, prazos que não são cumpridos, horas e horas de reuniões que resultam, muitas vezes, em nada, por falta de vontade e de capacidade política para executar o que foi decidido», são exemplos das dificuldades com que os pequenos e médios agricultores se confrontam nos processos de candidatura às ajudas da PAC.

No entender dos pequenos e médios agricultores, estes obstáculos mostram o «total desnorte que se vive no Ministério da Agricultura», ao mesmo tempo que evidenciam «os graves erros» de programação do próprio PEPAC.

«Comprova-se que o Plano Estratégico nacional, construído pelo Ministério da Agricultura nas costas dos agricultores, não teve em conta a especificidade da agricultura nacional nem a capacidade da própria Administração», lê-se na nota. Programa que, adianta a CNA, «agrada a Bruxelas, mas não serve os agricultores nem o país», prejudicando essencialmente os pequenos e médios agricultores. 

A extinção das direcções regionais de agricultura e pescas são, segundo a CNA, outro aspecto a contribuir para as dificuldades que os agricultores vivem. Ainda assim, salienta que, nos últimos oito meses em que decorreu o processo, «só foi possível concretizar a recepção de candidaturas com o trabalho dos funcionários do Ministério da Agricultura», embora sem uma «orientação clara de quem os tutela».

O adiamento das datas dos pagamentos e adiantamentos das ajudas é outra das queixas da CNA, que ontem votou contra a proposta de reprogramação do PEPAC por entender que «ignora todos estes problemas, mantém as dificuldades e os cortes nas ajudas nos Baldios, insiste nos injustificáveis cortes nas ajudas nas explorações de menor dimensão e confirma um sistema altamente penalizador para as zonas de minifúndio e para Agricultura Familiar».

Reconhecendo que algumas alterações propostas significam avanços, a Confederação alerta que «nada garante que de facto venham a constituir alterações positivas, de que é exemplo o aumento unitário de ajudas, sem aumento da dotação global da medida, o que as pode inviabilizar».

Insiste que os agricultores e o país precisam de uma «alteração profunda das políticas» e de um Ministério da Agricultura «que governe para resolver os problemas da agricultura nacional e não para a fotografia nas redes sociais». 

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A CNA considera que se trata de um passo «importante e necessário» para a protecção, promoção e respeito pelos direitos dos agricultores familiares e da soberania alimentar dos povos. Defende, no entanto, que o cumprimento da UNDROP em Portugal exige a concretização do Estatuto da Agricultura Familiar, «com a verba necessária no Orçamento do Estado para 2024, de forma a contribuir para a melhoria dos rendimentos das explorações agrícolas familiares, para a qualidade alimentar dos portugueses» e para a soberania alimentar.

Simultaneamente, reitera um conjunto de exigências e denúncias, como discriminações da Política Agrícola Comum (PAC) ou o desmantelamento de serviços públicos nas zonas rurais. 

A CNA alerta para o agravamento das dificuldades para os pequenos e médios agricultores, «de escoamento a preços justos, elevados custos de produção, alterações do clima, prejuízos causados por javalis e outros animais selvagens», mas também para «violências exercidas sobre as mulheres agricultoras e rurais». Problemas que se agudizam «sem resposta adequada por parte do Ministério da Agricultura e do Governo», acusa.

Acrescenta que o acesso à terra para produzir «é cada vez mais dificultado, com a ocupação de terras com aptidão agrícola e florestal por enormes centrais fotovoltaicas, para créditos de carbono e para instalação de culturais industriais super-intensivas, nas mãos de grandes multinacionais» e reitera a urgência de inverter as políticas que privilegiam e promovem o grande agronegócio, «que delapida recursos naturais, prejudica o ambiente e atropela os direitos fundamentais dos pequenos e médios agricultores e da população».

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