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Até Agosto, SNS gastou 230 milhões com empresas de médicos tarefeiros

Os sucessivos Governos têm apostado no desmantelamento do SNS e há quem encha os bolsos. Até Agosto deste ano, o SNS gastou mais de 17 milhões que em todo o ano de 2024 com médicos tarefeiros. Desde 2009, uma única empresa faturou perto de 56 milhões de euros. 

CréditosEstela Silva / Agência Lusa

Em notícia avançada pela revista Sábado foi revelado o negócio de milhões das empresas que fazem da doença lucro. Empresas como a Randstad, a Talenter, ou Select Clinical viram na falta de médicos no SNS e na dificuldade de recrutamento, a oportunidade de negócio ideal e os vários governos foram facilitando e alinhando cada vez mais na contratação de médicos a essas empresas.

Na prática, os médicos tarefeiros trabalham à tarefa, ou seja, recebem por horas de serviço prestado, consultas feitas ou turnos realizados, e normalmente não têm vínculo laboral direto com o hospital público onde trabalham. Desta feita, o hospital ou centro de saúde celebra um contrato com uma empresa de prestação de serviços médicos e paga-lhe a quantia acordada por hora ou turno. 

O conceito «médicos tarefeiros» passou a ser uma realidade do sector público de saúde. Há, no entanto, uma questão: além de se recusar a contratar profissionais de forma a destruir o SNS, o Governo aproveita a existência dos médicos tarefeiros para colocar neles as culpas de um serviço de saúde em colapso.  

Com base nesta encenação criada de forma a sacudir culpas, o Governo insiste numa suposta regulação de médicos tarefeiros, desviando as atenções da necessária valorização das carreiras através da melhoria dos salários e das condições de trabalho dos médicos de forma a poderem verdadeiramente fixá-los no serviço público.

Quer isto dizer que o Governo, em vez de assumir as responsabilidades, manteve um regime que promove a desigualdade entre os profissionais, uma vez que os médicos tarefeiros chegam a receber o dobro de especialistas do quadro, procurando dividir a classe. Posteriormente, culpabiliza os médicos tarefeiros, mas sem nunca falar das empresas que lucram com o negócio. 

Ao longo da última década, as empresas com contratos estabelecidos com o SNS têm registado um crescimento constante na faturação. Desde 2009, apenas uma dessas empresas acumulou receitas que rondam os 56 milhões de euros e até Agosto deste ano, o SNS gastou 230 milhões de euros, mais de 17 milhões que em todo o ano de 2024.

Sobre isto, num contexto em que o SNS trabalha com um subfinanciamento crónico, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins nada disse, optando por falar de uma reforma no sector cujos eixos principais passam pela privatização dos hospitais.  
 

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