O ataque ao Irão, no passado sábado, constitui uma escalada gravíssima da guerra desencadeada por Israel», no dia 13 de Junho, considera o MPPM. «Constitui uma violação flagrante do direito internacional e da soberania do Irão, agravando de forma dramática a tensão na região e contribuindo para um cenário de potencial guerra generalizada a todo o Médio Oriente, com consequências imprevisíveis para os povos da região e do mundo», lê-se numa nota divulgada pelo movimento, este domingo.
Para o MPPM, o ataque perpetrado pela administração Trump, realizado na véspera da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) para analisar o Acordo de Associação UE-Israel, põe «definitivamente a descoberto o seu papel de apoio incondicional a Israel», salientando que o objectivo do governo de extrema-direita de Israel «era arrastar directamente» os EUA tendo em vista, não o programa nuclear iraniano, mas antes uma «mudança de regime». As críticas acentuam-se pelo facto de estarem a decorrer conversações entre os EUA e o Irão sobre o programa nuclear deste país, interrompidas pela agressão israelita. «Não é demais recordar que o Irão era parte de um acordo sobre o seu programa nuclear – o Plano de Acção Conjunto Global (PACG) – que estava a cumprir mas de que os EUA se retiraram e de que a Europa se afastou em silêncio», lê-se na nota.
A cumplicidade das ditas «potências ocidentais» com Israel, «expressa no silêncio, na complacência ou mesmo na justificação destas agressões», é outro dos pontos a merecer repúdio por parte do MPPM, que considera «inadmissível» a atitude do Governo de Luís Montenegro. «Face a este novo acto de agressão, começa por condenar implicitamente o agredido, apela à "contenção"» mas abstém-se de condenar os agressores (Israel e EUA), refere a organização, insistindo na necessidade de uma política externa «fiel à Constituição da República Portuguesa, ao direito internacional e aos valores da paz e da justiça». Também para o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) considera que as declarações de Montenegro são «lamentáveis e colocam Portugal uma vez mais do lado errado da história». em confronto com a Constituição da República.
Ainda no plano internacional, considera que «é particularmente alarmante que estas potências condenem uma eventual possibilidade de o Irão vir a adquirir armas nucleares — o que as inspecções internacionais não confirmam — e ao mesmo tempo finjam ignorar o facto de Israel ser o único Estado da região a possuir armamento nuclear, sem jamais ter subscrito o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, recusando sistematicamente a qualquer forma de controlo ou inspecção internacional».
Lembra o movimento que a agressão ao Irão ocorre num contexto em que Israel continua a levar a cabo, na Palestina e particularmente em Gaza, uma campanha de limpeza étnica e de extermínio que já matou dezenas de milhares de civis palestinos, «num verdadeiro genocídio cometido à vista do mundo, que é urgente travar e não pode ser ocultado pela guerra contra o Irão».
«Paz sim, NATO não»
Também o CPPC condena «veementemente» os bombardeamentos perpetrados pelos EUA contra o Irão, «à revelia do direito internacional e da Carta das Nações Unidas», afirma num comunicado divulgado ao início da tarde desta segunda-feira. O Conselho Português para a Paz e Cooperação recorda que é Israel, e não o Irão, que possui armas nucleares não declaradas, «ficando assim a salvo das responsabilidades inerentes à posse deste tipo de armamento e à fiscalização da Agência Internacional da Energia Atómica». Simultaneamente, acredita que o envolvimento dos EUA «é mais um testemunho da profunda cumplicidade que une os dois países na desestabilização do Médio Oriente», salientando que só com negociações será possível «travar e inverter» a escalada militarista na região.
O CPPC volta a exigir que Portugal ratifique o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPAN) e apela à participação nas manifestações «Paz Sim! NATO Não!», que se realizam amanhã e quarta-feira às 18h, em Lisboa e Porto, respectivamente, por ocasião da cimeira da NATO em Haia, «onde se dará um novo impulso à corrida armamentista e às agressões contra o Irão e a Palestina».
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