Há apenas um dia, fomos todos atropelados com a notícia do bombardeamento americano às instalações nucleares iranianas. A acção militar, que bloqueia qualquer possibilidade, nas presentes condições, de avançar com negociações de paz entre Irão e Israel, é realizada sob o pretexto de uma suposta ameaça de produção de armas nucleares.
O Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC), em comunicado enviado ao AbrilAbril, denuncia a cumplicidade existente entre os Estados Unidos da América e Israel na escalada do conflito com o Irão, iniciada no passado dia 13 de Junho, acusando ambos os países de contribuírem para a desestabilização do Médio Oriente. A organização também recorda que «é Israel, e não o Irão, que possui armas nucleares não declaradas», uma prática de «opacidade nuclear» que isenta Israel de fiscalização da Agência Internacional da Energia Atómica há décadas.
«Os ataques norte-americanos constituem uma perigosa escalada militarista na região, que urge travar e inverter – o que só será possível com negociações.», afirma o CPPC, indicando que o fim dos conflitos não será alcançado com a promoção de mais conflito.
Cumprimento da Lei internacional não se aplica à NATO, União Europeia e EUA
Espremido entre o dia do ataque americano e a data de início da cimeira da NATO, em Haia – terça-feira, dia 24 de Junho –, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte espremeu também o direito internacional e a Carta das Nações Unidas ao validar os ataques americanos: «Não considero que o que os EUA fizeram é contrário à lei internacional», afirmou.
Para o CPPC, as declarações do primeiro-ministro Luís Montenegro também corroboram a retórica de Israel e dos EUA: «são lamentáveis e colocam Portugal uma vez mais do lado errado da história, em confronto com a Constituição da República Portuguesa» que «preconiza o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos», relembra a organização, que também reivindica a ratificação por parte do Estado português no Tratado sobre a proibição de armas nucleares.
No meio desta despudorada escalada das guerras, o CPPC convoca a presença de todos para as manifestações «Paz sim, NATO não!» a acontecer em Lisboa na terça, dia 24 de Junho, à frente da Fundação José Saramago, pelas 18h, e no Porto, no dia seguinte, à mesma hora, na Rua Alexandre Braga.
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