Com a detenção do anterior dono da Altice (Armando Pereira) e de um seu associado (Hernâni Vaz Antunes), o afastamento de Alexandre Fonseca (ex-CEO da Altice Portugal) das funções executivas no grupo e cerca de 60 buscas, foi colocada na praça pública a investigação que está a decorrer sobre um conjunto de práticas na Altice Portugal que podem configurar diversos crimes. Os números vindos a público falam de cerca de 100 milhões de prejuízos fiscais provocados ao Estado e de entre 250 e 600 milhões de prejuízos provocados à Altice, em benefício dos alegados autores do esquema de fraude.
O esquema que está a ser investigado terá duas vertentes essenciais: a forma como foram vendidos sete edifícios da antiga PT, abaixo do preço de custo, e depois revendidos com importantes ganhos para os participantes no esquema; e um conjunto de pressões a fornecedores da Altice para realizarem pagamentos «por fora» para poderem continuar a fornecer à Altice.
O imenso património da PT, entregue aos capitalistas com a privatização, além de ter engordado a Altice, terá sido ainda suficiente para que um conjunto de gestores da empresa privada tenham desviado para si próprios as quantidades de dinheiro acima referidas. A investigação e o subsequente julgamento apurarão que crimes foram ou não foram cometidos. Mas há algo que parece já perfeitamente evidente: o maior crime, que colocou o património público a ser delapidado por interesses privados, foi o da própria privatização da PT, e não está a ser investigado.
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