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|contra-revolução

25 de Novembro: mas alguém os proibiu?

Nos jardins infantis, em cada Primavera, são cravos de Abril que as crianças desenham. Cravos vermelhos e o caule verde, as cores da nossa bandeira. Nunca se viu uma criança desenhar um cravo murcho.

Manifestação popular do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, em Lisboa CréditosJosé Sena Goulão / Lusa

Regularmente, nos jornais, nas televisões, nos congressos reaccionários, discute-se a questão das comemorações do 25 de Novembro. Quem os ouve falar fica com a ideia que tais comemorações são reprimidas ou proibidas. Não são. Em quase 50 anos nada impediu o povo português de descer ou subir uma avenida a celebrar o 25 de Novembro.

E, apesar de tanta conversa, as comemorações do 25 de Novembro continuam confinadas a locais mal frequentados, uma garrafa de champanhe numa triste mesa de tristes reaças, uma intervenção mais estridente numa convenção de fachos, um brinde numa almoçarada de saudosistas do fascismo e do império colonial.

Com a contra-revolução eles têm o dinheiro todo. Podem alugar autocarros, comboios, aviões, até táxis. Podem encher os seus jornais de anúncios. Podem imprimir bandeiras, panos, pancartas, e porque não camisas e cachecóis. Podem fazer um quadrado1 cheio de gente importante: alguns deputados, muitos CEO, os patriarcas e as matriarcas das grandes famílias, mais uma selecção de personalidades tirada da última edição da Caras. Se se esforçarem, até poderão levar no quadrado algum concursante famoso.

E, no entanto, a cada ano, limitam-se a falar da vontade de comemorar o 25 de Novembro, da importância do 25 de Novembro, do papel do 25 de Novembro para a liberdade deles, para fazerem o que fazem. Porquê? Desde logo, porque sabem que no espaço mediático que controlam ninguém lhes perguntará pelas causas da não comemoração popular. Depois, e principalmente, porque estão a construir uma mitologia para as próximas gerações. Para tentarem ganhar a sua cumplicidade para com a contra-revolução. Uma mitologia onde inventam um 25 de Novembro à sua medida, usando e abusando do espaço público de que se reapossaram com a contra-revolução.

«Que contraste com a alegria, a esperança, a luminosidade com que o povo português continua a comemorar Abril. Literalmente iluminando a mais chuvosa das manhãs de Abril. Desde logo na gigantesca Manifestação Popular que desce cada ano a Avenida da Liberdade em Lisboa.»

Que contraste com a alegria, a esperança, a luminosidade com que o povo português continua a comemorar Abril. Literalmente iluminando a mais chuvosa das manhãs de Abril. Desde logo na gigantesca Manifestação Popular que desce cada ano a Avenida da Liberdade em Lisboa. Mas, por todo o País, é na rua, nas «vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras» de que fala o poeta, que o povo comemora Abril. Com concertos, exposições, debates, almoços-convívio. Onde Abril é confiança no futuro, confiança no povo português, confiança em Portugal. Onde Abril é Liberdade e Democracia, e se grita «Fascismo Nunca Mais!».

Mas o que mais dói aos tristes fachos, enquanto beberricam a sua garrafa de champanhe murcho, é que nas escolas e nos jardins infantis deste País, cada Primavera, são sempre cravos de Abril que as crianças desenham. Cravos vermelhos, com o caule verde, que fazem as cores da nossa bandeira. Nunca se viu uma criança desenhar um cravo murcho.

  • 1. O quadrado é como é conhecida a cabeça da Manifestação Popular do 25 de Abril em Lisboa, que ganhou esse nome por estar colocada dentro de um quadrado feito com panos vermelhos.

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