A Rede pela Vida e os Direitos Humanos do Cauca revelou ontem que dois jovens foram assassinados, no dia anterior, numa zona rural do município de El Tambo, na região ocidental do departamento do Cauca.
Os jovens dirigentes sociais, membros do Consejo Comunitario Afrorenacer, foram identificados como Jesús Albeiro Riascos e Sabino Angulo, e terão sido mortos, alegadamente, por dissidentes das FARC-EP, quando participavam numa reunião comunitária em que se debatia os grandes riscos que correm as comunidades da região e os seus líderes.
Na sua conta de Twitter a Rede afirmou que «esta é uma pandemia que não pára» e acusou «as autoridades de não os protegerem como devem». Exigiu ainda que seja dada «atenção urgente a estas situações», tendo em conta que, também no município de El Tambo, foram assassinados recentemente o dirigente social Teodomiro Sotelo e Andrés Cancimance Burbano, marido de uma dirigente, informa a TeleSur.
Por seu lado lado, a Comissão Colombiana de Juristas informou ontem que Hugo de Jesús Giraldo López, defensor dos direitos humanos, membro do movimento Marcha Patriótica e dirigente agrícola, foi assassinado no município de Santander de Quilichao, também na quarta-feira e igualmente no departamento do Cauca – aquele que regista maior número de assassinatos de dirigentes sociais em 2020.
Segundo a Comissão Colombiana de Juristas, a situação de Hugo Giraldo López já havia sido caracterizada como de «risco». No domingo passado, dia 19, foi assassinado Mario Chilhueso, presidente da Associação de Trabalhadores e Pequenos Produtores Agropecuários, que Giraldo López integrava.
Ainda na quarta-feira, foi morto o indígena e agricultor Ángel Artemio Nastacuas Villareal, no município de Tumaco (departamento de Nariño), segundo informou a Associação Minga em comunicado.
De acordo com a associação, a morte resultou da intervenção violenta da Polícia, que reprimiu uma concentração de um grupo de agricultores, na região limítrofe do povo Awá, que se opunham às operações de erradicação forçada de cultivos.
Para a Associação Minga, a violência evidencia a «falta de diálogo por parte do governo colombiano» no que respeita ao desenvolvimento de «actividades de substituição e/ou erradicação de cultivos de uso ilícito, não cumprindo a implementação do Acordo de Paz».
Segundo os dados divulgados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), em 2020 foram assassinados 82 dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos no país sul-americano. Os departamentos mais violentos são o Cauca, Antioquia e Putumayo.
O mesmo organismo revela que, desde o início do ano, foram mortos 24 ex-combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP).