No documento, o organismo reporta-se ao período que vai desde 2016, o ano da assinatura dos acordos de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), e a actualidade (até dia 8 deste mês), verificando que o número de assassinatos de dirigentes indígenas aumenta de ano para ano.
Assim, segundo os dados recolhidos pelo Indepaz, registaram-se «31 assassinatos em 2016, 45 em 2017, 62 em 2018, 84 em 2019 e 47 em 2020». O organismo revela ainda que 262 líderes indígenas foram mortos depois dos acordos de paz (24 de Novembro de 2016) e 167 durante a governação do actual presidente colombiano, Iván Duque.
Dos 47 assassinados este ano (até 8 de Junho), 14 foram-no durante o período da quarentena (que entrou em vigor a 25 de Março), precisa ainda o relatório.
De acordo com o Indepaz, o departamento onde se registaram mais casos de assassinatos de líderes indígenas desde 2016 foi o Cauca (94). «O que se passa no Cauca responde à lógica de um departamento onde historicamente houve conflitos territoriais, com sectores privados legais e ilegais, como o da exploração mineira», explica a organização.
Como factores de peso que contribuem para o assassinato de dirigentes indígenas, o Indepaz refere as empresas açucareiras, a exploração de madeira, a pecuária, a concentração de terras, os projectos petrolíferos, as hidro-eléctricas, além da presença de grupos armados que disputam o controlo das rotas do narcotráfico.
O relatório sublinha as acções dos povos indígenas em defesa da sua autonomia e da permanência nos seus territórios, como condição essencial para garantir a sua sobrevivência, bem como o facto de terem «rejeitado todas as expressões do conflito armado» e «assumido um posicionamento de resistência pacífica».
200 ex-combatentes das FARC-EP assassinados
Mario Téllez Restrepo, agricultor e ex-guerrilheiro das FARC-EP, foi morto a tiro por desconhecidos na segunda-feira passada, quando trabalhava nas suas terras, na localidade de Tibú (departamento de Norte de Santander), informa a TeleSur.
O partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) denunciou o assassinato, tendo revelado que se trata do 200.º ex-combatente a ser morto deste a assinatura dos acordos de paz.
Na semana passada, uma delegação do FARC pediu apoio às Nações Unidas, tendo em conta o cenário de violações de direitos humanos no país andino.
Numa reunião virtual com a alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, os representantes do FARC pediram «assistência técnica» para evitar o genocídio dos ex-guerrilheiros que tentam reintegrar-se na vida política, económica e social do país.
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