Trabalhadores estrangeiros continuam a viver situações dramáticas na Arábia Saudita

Operários estrangeiros de uma empresa de construção na Arábia Saudita afirmam que não recebem há meses e que podem ser presos, uma vez que as autorizações de trabalho não foram renovadas e o seu patrão não os deixa abandonar o país.

Trabalhadores estrangeiros junto a um centro de imigração na Arábia Saudita
CréditosPressTV

Os trabalhadores da United Seemac, com sede em Riade e que realiza sobretudo trabalhos de reparação de estradas para o Governo saudita, afirmam que não são pagos há cinco meses e que tanto as autoridades do país como os representantes das suas embaixadas pouco têm feito para resolver a situação.

«Ninguém tem conhecimento da situação dos operários nas pequenas empresas. A atenção centra-se toda nas grandes empresas. É fácil ignorar-nos porque não somos assim tantos», disse à PressTV Mohammed Barr, um engenheiro que trabalha na Seemac há dois anos.

«Podíamos ser apenas 500 pessoas, mas somos mais. As nossas famílias dependem do dinheiro que lhes mandamos; por isso, trata-se de um problema para 500 famílias», disse Barr, insistindo que ninguém quer saber deles, nem tomar medidas para os ajudar. «Nós só queremos que nos paguem e depois nos deixem ir embora: para outra empresa ou para casa, para os nossos países», disse o engenheiro.

O seguro de saúde dos trabalhadores da United Seemac terminou em Fevereiro e não foi renovado desde então; como consequência, os funcionários da empresa não podem aceder a cuidados de saúde na Arábia Saudita. «Em Agosto, eles prometeram que iam renovar o seguro, mas ninguém tem o cartão», disse Barr.

Sajjad Binalis, um topógrafo paquistanês de 33 anos na mesma empresa desde Junho, disse que não recebe um salário mensal há 11 meses. Binalis revelou à PressTV que a sua mãe faleceu de forma inesperada na semana passada e que a United Seemac não o autorizou a viajar até ao Paquistão para assistir ao funeral.

A economia saudita vive um período de estagnação, com a queda dos preços do petróleo, o aumento da dívida pública e a diminuição das reservas estrangeiras. Para esta situação de crise contribuíram ainda as enormes verbas que o país tem dispendido com a ofensiva militar contra o Iémen, desde Março de 2015.

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