Em Março último, os trabalhadores do centro logístico da Amazon – multinacional do retalho online – em San Fernando de Henares (Madrid) realizaram uma greve de 48 horas (com uma adesão massiva). Não sendo inédito a nível europeu, o protesto «espanhol» contra o gigante do comércio electrónico destacou-se pela força, deixando bem vincada a oposição dos trabalhadores à intenção da empresa de não renovar o acordo colectivo de trabalho alcançado em 2015 e que havia caducado em 2016.
De acordo com os sindicatos, a Amazon pretendia aplicar um outro acordo, com vigência sectorial ao nível da província de Madrid, que suprimia vários direitos conquistados pelos trabalhadores, implicando, entre outros aspectos, discriminações salariais, menos aumentos de salários e uma menor cobertura por baixa.
Paralisações por turnos a 18 de Maio
Numa nota de imprensa divulgada esta semana, o sindicato Comisiones Obreras (CCOO) acusa a empresa de, sem ter chegado a acordo com os representantes dos trabalhadores, ter imposto «unilateralmente» e de forma «ilegal» alterações ao anterior acordo colectivo de trabalho, pelo que se solicita ao tribunal que as anule e reverta.
Na nota, referida pelo Resumen Latinoamericano, o CCOO dá como exemplos das alterações introduzidas pela Amazon ao acordo antes vigente em San Fernando de Henares modificações nas categorias profissionais e nas horas extra ou o facto de ter deixado de contar como tempo de trabalho efectivo a pausa de descanso para o lanche.
Entretanto, esperando que a admnistração da empresa regresse à mesa das negociações, o sindicato anunciou que, no próximo dia 18, os trabalhadores vão efectuar paralisações de três horas por turno.
«Excesso de contratos temporários»
Ana Isabel Berceruelo, responsável pelo sector de Transporte e Logística do CCOO em Madrid, explica que «no maior centro da Amazon no Estado espanhol não se respeita o limite máximo de 25% para contratos temporários», tal como estabelecido pelo acordo sectorial. Por isso, o sindicato interpôs uma queixa na Inspecção de Trabalho, solicitando-lhe que actue.
A dirigente sindical disse que a precariedade também existe noutros centros logísticos da Amazon em território espanhol, mas sublinhou que, em San Fernando de Henares, há determinadas zonas onde «os precários representam 50% e mesmo 70% dos funcionários». «Andam há seis anos a cobrir necessidades permamentes recorrendo a empresas de trabalho temporário», denuncia.
Este não é o primeiro protesto – nem a primeira greve – que a Amazon enfrenta na Europa. Em 2016, por acasião da Black Friday (Sexta-feira negra, em que as empresas realizam grandes descontos), sindicatos e diversas associações manifestaram-se junto aos armazéns da Amazon em Dunfermline, na Escócia, em protesto contra a «exploração dos trabalhadores».
O ano passado, na mesma altura, houve greves nos centros de distribuição da Alemanha e de Itália, para denunciar o agravamento das condições laborais e exigir melhores salários.
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