Eleições repetem-se seis meses depois

Sem solução política à vista, espanhóis votam hoje

Em Espanha regressa-se às urnas depois de seis meses de impasse ditados pelos resultados das últimas eleições em que as forças do rotativismo foram as principais derrotadas.

Os últimos anos foram marcados por grandes mobilizações em Espanha contra a política o governo liderado por Mariano Rajoy (PP)
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Os espanhóis são chamados a votar depois da incapacidade de encontrar uma solução política após os resultados das eleições de Dezembro de 2015. As forças do bipartidarismo espanhol, PP e PSOE, sofreram a maior derrota de sempre: num Congresso dos Deputados com 350 lugares, chegaram apenas, em conjunto, aos 213, muito abaixo dos cerca de 300 que vinham garantindo desde que Felipe González venceu as eleições de 1982.

A rearrumação das forças políticas ditou um cenário próximo do português: o PP só podia continuar a ser governo se o PSOE lhe desse a mão. Em Portugal, logo na noite das eleições, Jerónimo de Sousa lançou o mote: «O PS só não forma governo se não quiser». O tempo veio dar razão ao secretário-geral comunista. Em Espanha o PSOE encostou-se à direita, ao Ciudadanos, e deixou a coligação de movimentos, marés e indignados, o Podemos, a pedir a vice-presidência do governo sem efeito.

Após seis meses sem que ninguém conseguisse apresentar uma solução política, Espanha volta às urnas este domingo. Num cenário em que as principais previsões apontam para um resultado idêntico ao de Dezembro último, a candidatura Unidos Podemos parece ser a única força em crescimento. O descontentamento com os escândalos de corrupção, a dificuldade da economia em arrancar e o desemprego que não baixa devem favorecer a coligação entre o Podemos e a Esquerda Unida, que reúne comunistas e outras forças de esquerda.

Tudo aponta para um resultado que permita um governo com os socialistas do PSOE e os partidos do Unidos Podemos, com ou sem outras forças regionais, que em Espanha têm conseguido representações numerosas. Resta aguardar pelos próximos capítulos de uma história que poderá não ficar por aqui, já que se não for encontrada uma solução política as eleições podem voltar a repetir-se no final do ano.

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