Na terça-feira passada, refere La Stampa, o ministro das Infra-estruturas e Transportes do governo de extrema-direita italiano, Matteo Salvini, afirmou que «protegia o direito à greve» por ser «um direito constitucional».
Enquanto isso, voltou aos argumentos já utilizados noutras ocasiões para atacar esse direito, afirmando que tem de defender a mobilidade de todos os italianos e que os trabalhadores – em luta contra a precariedade e a exploração, por melhores salários e condições – «não têm o direito de parar o país por 24 horas».
Em declarações recolhidas pelo periódico, o secretário-geral da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), Maurizio Landini, respondeu de imediato, afirmando que as palavras do ministro «mascaram um ataque ao direito à greve».
«A greve não é um direito das organizações sindicais ou de qualquer sindicalista, mas das pessoas», disse.
«Travar Salvini para defender as liberdades de todos»
Num comunicado divulgado esta sexta-feira, subscrito, entre outros, pela Unione Sindacale di Base (USB), Partito della Rifondazione Comunista, Potere al Popolo, Partito Comunista Italiano, Movimento per il diritto all’abitare ou Opposizione Studentesca d’Alternativa, destaca-se que a intervenção de Salvini na greve convocada para 15 de Dezembro é «completamente ilegal».
Isto, apesar de o país transalpino já ter uma das legislações «mais restritivas da Europa no que respeita ao direito à greve, mas que evidentemente ainda não é suficientemente restritiva para os interesses patronais que Salvini decidiu proteger», acusam.
Trata-se de um «abuso de poder» e de «um gravíssimo ataque às liberdades democráticas», afirmam os signatários do documento, para quem o ministro dos Transportes e Infra-estruturas age com «hipocrisia».
«Salvini diz querer proteger o direito à mobilidade mas não intervém para combater os repetidos acidentes que se multiplicam nas linhas ferroviárias e que continuam a causar mortes entre trabalhadores e cidadãos», denunciam.
Acusando Salvini de ser «o homem dos decretos de segurança», mas de virar as costas quando se trata de intervir em questões de segurança no trabalho, e responsabilizando-o, enquanto ministro das Infra-estruturas, pela «dramática crise da habitação» que se vive no país, os signitários afirmam que o ataque ao direito à greve é «apenas uma de muitas áreas em que se assiste, há tempos, à redução das liberdades democráticas».
Neste sentido, lembram as múltiplas condenações a activistas sociais e sindicais, as proibições cada vez maiores às manifestações e, de forma mais lata, os projectos de revisão da Constituição, que «configuram uma torção autoritária do sistema».
Como resposta e porque «não é possível ficar a assistir», convocam uma manifestação em Roma, para dia 15, às 17h, na Praça da Independência, com o lema «A proibição da greve é uma medida fascista. Travar Salvini pela liberdade de todos».
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