«Estamos a dar prioridade à questão de garantir o fornecimento estável de petróleo, produtos petrolíferos, trigo e fertilizantes, assunto que é extremamente importante para a parte cubana. Foi concedido um novo empréstimo a Havana com este fim», disse Dmitry Chernyshenko, vice-primeiro-ministro russo e co-presidente da Comissão Intergovernamental Cubano-Russa de Colaboração Económico-Comercial e Científico-Técnica.
No decorrer da XXI sessão do mecanismo de cooperação bilateral, celebrada em Moscovo esta sexta-feira, o representante governamental do país euroasiático destacou que mais de 100 empresas russas começaram a trabalhar em Cuba ao longo do ano passado.
Neste sentido, disse que as entidades com interesse no investimento na maior ilha das Antilhas representam vários sectores da economia do país eslavo, como indústria pesada, energia, banca, agricultura, informática e turismo.
Além disso, indica a Prensa Latina, Chernyshenko mostrou-se confiante que num futuro próximo o funcionamento das empresas russas na ilha caribenha tenha um impacto positivo nos indicadores do comércio bilateral.
«Por seu lado, vários bancos russos colocam a hipótese de abrir escritórios de representação em Cuba no futuro próximo», afirmou.
A este respeito, acrescentou que Moscovo e Havana decidiram levar a interacção na esfera da cooperação interbancária para um nível qualitativamente novo. «Tendo como um acontecimento particularmente significativo a introdução generalizada do sistema de pagamentos MIR em todo o país insular em 2023», referiu.
Nessa linha, a directora do Departamento do Sistema Nacional de Pagamentos do Banco da Rússia, Alla Bákina, disse aos presentes na reunião que ambos os países criaram uma infra-estrutura de liquidação que permite dar serviço aos actuais volumes de comércio bilateral.
Bákina acrescentou que este mecanismo deve incluir tanto contas correspondentes nas moedas nacionais como canais independentes para a troca de informação financeira.
«Pensamos que um dos factores-chave da soberania financeira é o uso das moedas nacionais nas liquidações entre os nossos estados. Nesta questão, chegámos a um entendimento pleno com a parte cubana. Vemos já como os bancos russos e cubanos abrem contas em rublos, em yuan chinês e se efectuam transacções nestas contas», afirmou a directora, citada pela Prensa Latina.
«Relações com a Rússia são estratégicas»
Pela parte cubana, presidiu à XXI sessão da Comissão Intergovernamental Cubano-Russa de Colaboração Económico-Comercial e Científico-Técnica o vice-primeiro-ministro e titular da pasta do Comércio Externo, Ricardo Cabrisas, acompanhado pelos ministros do Turismo, Juan Carlos García, e do Banco Central, Juana Lilia Delgado, bem como por vice-ministros e funcionários que lideram os grupos de trabalho, além do embaixador cubano em Moscovo, Julio Garmendía.
Durante a sessão, Cabrisas afirmou o carácter «estratégico» das relações entre Havana e Moscovo, tendo destacado o crescente fortalecimento nos últimos anos e, em particular, o sucedido em 2023, que foi um verdadeiro «separador de águas» e «ponto de viragem» no que respeita à participação das empresas russas no Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social de Cuba até 2030, assente em bases mutuamente vantajosas.
O vice-primeiro-ministro cubano destacou ainda a necessidade de passar à «concretização de resultados, a partir das necessidades latentes» dos dois países e das suas «visões partilhadas de desenvolvimento».
Cabrisas agradeceu o apoio prestado pela Federação Russa à Ilha num contexto de complexidade económica e financeira, e explicou que Cuba vive actualmente uma situação de «economia de guerra», em virtude da «guerra não declarada pela administração dos Estados Unidos da América».
Condenando as sanções unilaterais do Ocidente contra a Rússia e as tentativas de isolar Moscovo nos organismos internacionais, Ricardo Cabrisas vincou a vontade do seu país em reverter a situação económica e, nesse sentido, apelou a um maior investimento da Rússia em sectores-chave como agricultura, transportes, energia, comunicações ou saúde.
No final do encontro, em que Cabrisas destacou o facto de o país eslavo ser a terceira maior origem de turistas que fazem férias em Cuba, os dois vice-primeiros-ministros assinaram um documento que servirá de orientação para o futuro das relações entre Cuba e Rússia, até ao próximo encontro, marcado para o primeiro trimestre de 2025 em Havana.
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