Mergulhado em dificuldades políticas e numa situação económica complicada, as preocupações do governo conservador liderado por Rishi Sunak parecem ser outras. Para concluir isto basta ver o trabalho que tem sido desenvolvido para atacar cada vez mais imigrantes ilegais. A título de exemplo foi aprovada uma lei pelo parlamento britânico que. alegadamente, tinha como objectivo reduzir o número de pedidos de asilo feitos por imigrantes ilegais que chegam ao Reino Unido por mar.
De acordo com os dados divulgados pelo Governo de Sunak, em 2022 chegaram mais de 45 mil pessoas às costas inglesas de forma irregular a bordo de pequenas embarcações e desde o início deste ano, foram registradas mais de 13 mil chegadas, incluindo mais de 3 mil apenas em Junho. A lei proposta por Sunak, que viria a ser aprovada, criava um novo sistema que facilitava os procedimentos de detenção, recurso e deportação de migrantes, o que obrigou a ONU a reagir afirmando que o texto é contrário ao direito internacional.
A questão é que Sunak e os conservadores de pouco querem saber dos Direitos Humanos e dizem não descartar abandonar a Convenção Europeia de Direitos Humanos caso o Tribunal Europeu de Direitos Humanos se pronuncie contra a lei em questão.
Enquanto há toda esta disputa a táctica parece evidente. Por um lado, serve para afastar dos holofotes o falhanço da governação dos tories e por outro, artificialmente, serve para criar um inimigo comum (que neste caso são os imigrantes ilegais), alimentando falácias sobre as entradas ilegais no país através da promoção de uma agenda xenófoba e colocando assim os conservadores na vanguarda do combate às suposta ameaça.
Sim, é a política sem humanismo e que vai fazendo vítimas. Segundo a ONG Humans for Rights Network estas vítimas já são visíveis e são as crianças. Após uma inspecção à prisão de Elmley, no condado de Kent, é reportado que crianças migrantes que entram no Reino Unido sozinhas por vias ilegais são detidas e colocadas na mesma ala prisional que adultos condenados por crimes sexuais.
As crianças, na maioria dos casos, são provenientes do Sudão e do Sudão do Sul e entram no país via Líbia. A ONG diz mesmo ter encontrado um menor que esteve detido sete meses quando tinha 14 anos. As autoridades britânicas dizem não se tratar de menores, mas apenas por não conseguirem apurar a idade certa e como tal são classificados como adultos.
De acordo com o The Observer, um jornal associado ao The Guardian, das 1416 avaliações de idade realizadas por assistentes sociais especializados em requerentes de asilo, durante os cinco anos até Abril de 2023, apenas 809 requerentes foram considerados crianças. Isto significa que os que não são considerados menores podem ser colocados em sítios sem supervisão, nomeadamente prisões.
Na inspecção realizada pela ONG, um em cada quatro reclusos inquiridos afirmou sentir-se inseguro na prisão. A tutela que administra faz a gestão das prisões diz que a prisão de Elmley já não mantém condenados por crimes sexuais, mas a verdade é que os dados indicam o contrário.
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