Na entrevista, a que o portal vermelho.org.br faz referência, Dilma Rousseff diz que, com base na perícia feita pelo Senado da República, não há motivos que sustentem que as acusações contra ela formuladas sejam crime.
A junta pericial designada pela Comissão Especial do Impeachment do Senado para apurar o caso conclui que a presidente, temporariamente afastada do cargo, não teve responsabilidade nas chamadas «pedaladas fiscais», que são um dos alvos do processo de destituição.
No relatório ontem entregue à Secretaria-Geral da Mesa, os peritos afirmam que Dilma Rousseff não contribuiu, de forma directa ou indirecta, para que houvesse atrasos nos pagamentos do Plano Safra, que caracterizam as pedaladas – algo que a própria Dilma sublinha na entrevista: «No que se refere ao Plano Safra, a minha presença em nenhum acto foi constatada. Portanto, consideraram que eu não participei em nenhum momento do Plano Safra porque isso não é papel do presidente da República. Nós viemos dizendo isso há muito tempo, mas agora a própria perícia do Senado constatou isso», disse.
E acrescentou: «A cada dia que passa, fica mais claro que esse é um processo de “impeachment” sem base legal. E por isso, se caracterizaria como um golpe».
As «pedaladas»
No processo de destituição, uma das acusações a que Dilma Rousseff respondia era a de «acção directa» nas chamadas «pedaladas fiscais», mais concretamente, no atraso da transferência de 3,5 mil milhões de reais do Tesouro ao Banco do Brasil. O dinheiro dizia respeito aos pagamentos do Plano Safra, que consistem na concessão de crédito a agricultores.
As «pedaladas» podem ser definidas como o atraso propositado, por parte do Tesouro Nacional (erário público), na transferência de dinheiro para bancos e autarquias. A medida é entendida como uma espécie de manobra para maquilhar as contas federais, na medida em que, ao adiar os pagamentos, o governo que a pratica apresenta despesas menos volumosas do que deveria.
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